Muitas vezes nos perguntamos por que as pessoas reclamam tanto, e a única resposta que parece fazer sentido é que isso traz algum tipo de alívio. Mas será que realmente faz bem?
Com rotinas cada vez mais apertadas e o frenesi da vida urbana, o número de casos de ansiedade, depressão e estresse tem crescido exponencialmente. Essas questões emocionais e psicológicas muitas vezes exigem acompanhamento profissional. Enquanto alguns enfrentam tudo em silêncio e outros parecem inabaláveis, há aqueles que encontram na reclamação uma válvula de escape.
A princípio, reclamar pode parecer uma maneira de aliviar sentimentos reprimidos, mas isso não é o que realmente acontece, tanto para quem reclama quanto para quem precisa ouvir essas queixas constantemente. Segundo o psicólogo Jeffrey Lohr, a reclamação cria um ambiente carregado de negatividade, afetando não apenas quem a pratica, mas também todos ao redor, piorando o humor geral.
O filósofo e cientista da computação Steven Parton foi além e decidiu estudar como o hábito de reclamar impacta negativamente o cérebro, criando um “estado de permanente baixo-astral”. De acordo com ele, o cérebro forma conexões com base no que é repetidamente exposto. Ou seja, quem reclama frequentemente condiciona a mente a repetir esse comportamento, fortalecendo pensamentos negativos em outras situações.
Para os especialistas, o ato contínuo de reclamar molda nosso cérebro a criar sinapses negativas. Toda vez que pensamos ou sentimos algo, nossos neurônios liberam neurotransmissores, que se conectam e formam pontes. Quando essas pontes são frequentemente usadas para pensamentos negativos, nosso cérebro se condiciona a trilhar esses mesmos caminhos.
Parton explica que quanto mais reclamamos, mais o cérebro se acostuma a liberar sentimentos negativos que nos causam estresse. Ele sugere que reduzir o hábito de reclamar é essencial para treinar o cérebro a reagir de forma mais positiva.
Se você já se sentiu esgotado ao ouvir um colega de trabalho reclamar incessantemente, saiba que existe uma explicação. Os especialistas afirmam que as queixas não afetam apenas quem as emite, mas também quem as recebe. Isso ocorre porque nosso cérebro tenta, de forma empática, compreender o que está errado com a outra pessoa. Esse esforço ativa os mesmos neurotransmissores responsáveis por sentimentos negativos, impactando nosso humor e energia.
Além disso, as queixas não apenas reforçam sinapses negativas, mas também podem comprometer nossa saúde física. Pesquisas destacadas pela BBC mostram que certos pensamentos afetam diretamente regiões específicas do corpo.
O aumento do cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”, pode elevar a pressão arterial, desregular os níveis de açúcar no sangue e até causar inflamações.
O cortisol é um reflexo do estado de desarmonia corporal, alertam os pesquisadores. Por isso, é fundamental manter um sistema imunológico saudável para evitar problemas maiores, como doenças cardiovasculares ou até o desenvolvimento de câncer.
Especialistas enfatizam a importância de buscar apoio médico e psicológico, além de construir uma rede de suporte confiável. Também é necessário repensar rotinas e ambientes de trabalho, priorizando a saúde e prevenindo o impacto de estilos de vida que favoreçam o estresse e a exaustão.
Afinal, o equilíbrio entre trabalho e bem-estar é essencial para uma vida mais saudável e sustentável.