A psiquiatra coordenadora do programa de estudos em sexualidade da USP comenta que a ausência de relações íntimas pode até mesmo levar a uma infecção generalizada.

As pessoas que possuem vida sexual ativa, e que gostam do envolvimento e do prazer que as relações íntimas propiciam, acabam sempre se perguntando se, afinal, ficar sem pode causar algum tipo de desconforto físico e emocional. E esse tipo de questionamento não é à toa, pela quantidade de benefícios que o envolvimento causa nos envolvidos, se torna até mesmo uma questão de saúde não conseguir fazer.

A sensação de bem-estar causada pelo sexo, que libera oxitocina (hormônio que reduz o estresse) e endorfina (que provoca prazer), acaba fazendo com que as pessoas se sintam felizes depois da relação. Assim que os orgasmos acabam, o corpo acaba sendo inundado pela prolactina, um hormônio que suprime a dopamina (responsável por nos manter acordados e em alerta), assim nos sentimos relaxados e o organismo entende que é hora de descansar, liberando melatonina.

Um estudo publicado no Communication Monographs, em 2014, revela que as pessoas podem se sentir mais íntimas de seus parceiros e parceiras depois do sexo. A pesquisa mostrou que quando comparavam casais que gozavam e os que não gozavam, os primeiros tendiam a fazer declarações mais sérias e positivas sobre as pessoas com quem se relacionavam do que as outras.

Afinal, a falta de sexo faz mal?

Depois de tantos benefícios, fica o questionamento: e se ficar sem, posso ser prejudicado física ou emocionalmente?
De acordo com a ciência, a resposta é: sim. Se a pessoa em questão for saudável, que sente prazer durante as relações sexuais e que sente vontade de fazer, pode ser que se sinta angustiada e desconfortável caso não consiga concretizar o ato.

Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do programa de estudos em sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), alguns problemas podem ser desencadeados entre aqueles que querem fazer sexo, mas que por inúmeros motivos não conseguem, como sentimento de vazio e um desejo descontrolado que pode culminar em desfechos negativos. Esse “sofrimento” que o paciente passa pode acabar trazendo riscos físicos e psicológicos graves.

De acordo com entrevista da psiquiatra ao jornal O Globo, tudo pode começar com uma crise de ansiedade criada pelo desejo insatisfeito, que acaba evoluindo para uma depressão do sistema imunológico e depois do sistema nervoso central. O paciente passa a se sentir mais vulnerável, com baixa autoestima, o corpo sofre alterações ficando mais fraco, e isso acaba estimulando o aparecimento de doenças bacterianas, viroses e até infecções generalizadas.

Se o paciente em questão não conseguir, por um longo período de tempo, concretizar o ato sexual, pode passar a pensar coisas como não ser bonito o suficiente, se perguntando os motivos que levam outras pessoas a rejeitá-lo.

Isso pode fazer com que ele mesmo passe a não querer mais se envolver intimamente com outras pessoas, apenas para evitar se sentir rejeitado novamente. A psiquiatra comenta que isso acaba virando uma bola de neve, que pode explodir em ansiedade, vulnerabilidade imunológica e doenças físicas.

Existe um tempo máximo?

Para os cientistas esse tempo vai variar dependendo dos hábitos sexuais de cada um, aqueles que costumam fazer mais vezes em uma semana podem sentir os efeitos da abstinência involuntária mais rápido, enquanto que aqueles que fazem menos vezes em uma semana, podem demorar mais tempo.

Aqueles que têm o hábito de pelo menos três encontros por semana, os primeiros sinais de sofrimento podem começar depois de 30 dias sem sexo. Para aqueles que mantêm relações sexuais espaçadas em 15 a 20 dias, ficar sem durante três ou quatro meses pode não causar nenhum desconforto.

A idade também é um fator importante, para os jovens de 18 a 29 anos, com a libido em dia, e que não possuem dificuldades em se manter sexualmente ativos, existe uma média de oito semanas antes que as manifestações de sofrimento apareçam. É normal que nessa faixa-etária os pacientes mantenham em média 112 relações sexuais por ano, o que corresponde a três encontros semanais. Entre 30 a 39 anos, a média cai para 86 por ano, o que corresponde a 1,6 atividades sexuais em uma semana; e entre 40 a 49 anos, cai para 69 por ano, que equivale a 1,3 por semana.

E se partir de mim?

Os especialistas afirmam que caso a abstinência parta do próprio paciente, sendo uma opção consciente, não existem indícios de que pode causar nenhum tipo de sofrimento. São muitos os indivíduos que buscam canalizar essa energia para outros tipos de atividades, como projetos e missões que tomam tempo e energia, que acabam tendo os mesmos benefícios físicos e mentais se estivessem mantendo uma vida sexual ativa.

Existem os que se desinteressam pela vida sexual durante um período da vida, porque estão mergulhadas em um projeto pessoal, por questões religiosas, familiares, por falta de tempo, ou até mesmo por problemas sexuais como a ejaculação precoce. Não existem indícios de que eles terão algum tipo de sofrimento ou de prejuízo emocional, por a ausência de sexo acaba sendo uma decisão pessoal que não causa incômodo ou sofrimento.


*Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

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Agatha Rodriguez
Jornalista e redatora no site O Segredo. Procura escrever sobre temas impactantes e presentes no cotidiano de todos, incentivando as pessoas a se tornarem melhores a cada dia.

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