Então está combinado. Fica assim. O amor só é verdadeiro quando nos faz pessoas melhores. Toda disposição contrária é um mero e vulgar alarme falso.
A gente ama quando se pega torcendo pelo bem do outro, dos outros, de todo mundo. Ama quando sente um gosto grandioso pela vida. Quando perde o medo, quando toda dúvida e insegurança fogem apavorados do nosso desejo impetuoso de melhorar, de fazer o que é certo, reproduzir e espalhar sentimento bom, fazer por merecer.
Sentir amor dá na gente uma alegria incontrolável, criadora, construtiva. Vontade de fazer trabalho voluntário, aprender outro idioma, reencontrar velhos amigos, pedir perdão a alguém, dispensar a mágoa no latão de lixo. Melhorar a vida.
Se o nosso amor será retribuído, não importa. Amor não é moeda. Quem ama, no duro, está nem aí se vai ser correspondido ou vai ficar no vácuo.
Toda alma tomada de amor verdadeiro evolui e deixa o ser amado livre para ficar a seu lado ou ir embora.
Amar é compreender que a dor da rejeição não é a dor do amor. É a dor da rejeição. Ferida que só cura com amor-próprio na veia, em doses para elefante.
Quem ama mesmo não perde um só segundo remoendo mesquinharia, fazendo cobrança, esperando sentado. Quem ama toca a vida em frente e quem quiser que o acompanhe. Uma hora virá alguém do jeitinho que deve ser e tudo há de fluir como Deus quer. Em franco e sublime exercício de amor.
Sentimento divino que só melhora a gente, refina nossos gestos, equilibra nossos passos, aprimora nosso jeito de estar no mundo, o amor é tudo o que ilumina o caminho. Amor de verdade liberta e enriquece. O resto é engano, sentimento de posse, patacoada egoísta, dramalhão interesseiro. Alarme falso.
Fujamos disso e sigamos em frente. Você e eu temos muito mais o que fazer e amar nesta vida.
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