Desligar o piloto às vezes nos causa dor, às vezes espanto, por ver o quanto de vida perdemos nos escondendo atrás do caduco clichê de que “a vida é assim”. Só você pode quebrar o ciclo. Não são nossos pés que possuem raízes, são nossos corações. Você é livre para ir para onde quiser.
Não, não é fácil! o começo você vai sentir medo, ansiedade e uma certa angústia. Encarar essa vida, de cara, é um ato de bravura! Vai ter a impressão de que o tempo está se arrastando enquanto você tem tanta, tanta coisa para fazer.
E será, que você tem mesmo tanta coisa para fazer assim?
Agenda lotada. Prazos a vencer. Metas inalcançadas e uma procrastinação que não se consegue vencer. O mês passou e você nem se deu conta, mas já prestou as suas contas a quem tinha que fazer.
Pois é, já estamos chegando na metade do ano. Quantas promessas feitas a si mesmo no fim do ano passado, você já quebrou? Ok. Ok. Continue colocando a culpa no tempo, ele perdoa. Afinal, nós, humanos, temos essa mania, ele já está acostumado. Sentir o tempo dói.
Desligar o piloto automático implica em abrirmos os olhos e olharmos para o lado. Depararmo-nos com os problemas dos outros, com as dores dos outros e com os sorrisos dos outros.
Pode ser estranho para quem passa a maior parte do tempo olhando para baixo, para uma pequena tela, falando com quem está longe e ignorando o mundo ao redor, para quem passa boa parte do tempo olhando para o passado, para tudo aquilo que não se pode mais mudar e para quem tem certo pavor de olhar para o futuro, embora viva a base de planejamento.
Deixe-me explicar, desligar o piloto automático nos torna suscetíveis às mudanças repentinas, às visitas inesperadas, aos convites fora de hora. Faz-nos cair em uma realidade que nem sempre é a que imaginamos, faz-nos ouvir os outros, com real atenção, e não só escutar; faz-nos conversar com vontade e não só responder.
Desligar o piloto automático nos causa coisas horríveis, como… VIVER. Mas viver não é vital nessa vida?
Você está vivendo, ultimamente? Ou apenas seguindo o fluxo? Tente, ao menos uma vez, fazer o que se QUER e não o que se precisa. Você sabe o que teve na aula do seu filho ontem? Ou o que seu colega do outro setor lhe contou mais cedo no elevador? ONDE está a sua concentração? Em manter a concentração? Sua concentração está exatamente onde você quer que ela esteja? E quanto aos outros setores da sua vida?
Desligue o piloto automático! Você vai se surpreender ao perceber que ainda existe gente bacana, cordial e disposta a ajudar. Tire os olhos do monitor, olhe nos olhos de alguém. Pare, só hoje, de falar por mensagens de áudio. Fale ao pé do ouvido. Reanime seus sentidos. Abrace apertado quem muito se ama. E se não tem um amor, experimente prestar atenção à sua volta, o amor pode estar bem ao seu lado ou atrás de você na fila do supermercado. E você fica procurando nem se sabe onde…
Abaixe os ruídos externos para poder ouvir a sua alma. Nem sempre gostamos do que ela nos diz, mas sua opinião é extremamente importante para o bom funcionamento do nosso corpo e saúde, pois quando a alma adoece, não tem remédio que dê jeito.
Respire fundo. Encha os pulmões. Faça uma oração antes de dormir, mas não aquela habitual, decorada… deixe o coração falar um pouquinho.
Coma devagar, saboreie, e não apenas mastigue. Quebre os seus próprios padrões e protocolos. Esqueça o planner em casa. Vá a pé. Mude a rota! Nada de novo pode te acontecer se você insiste em se manter o mesmo.
Atrase, vez ou outra. Faça cabana de lençol na sala, brigadeiro em dia de semana… sorvete de jantar. Isso não mata, mas a falta de humor, sim.
Grite quando houver vontade, você não precisa ser condescendente com todo mundo o tempo inteiro; isso não é calma, é apatia. Assuma suas ideias, brigue por elas. Omissão não é diplomacia. Peça para ficar! Assuma o erro, peça perdão. Orgulho, no fundo, é covardia.
Aceite os convites. Dos amigos; os inusitados; os demorados e os da vida. Convide! Vá! Não pense muito. SENTIR é mais importante.
Desligar o piloto às vezes nos causa dor, às vezes espanto, por ver o quanto de vida perdemos nos escondendo atrás do caduco clichê de que “a vida é assim”. Só você pode quebrar o ciclo.
Desligue o piloto. Pegue o controle de si. Não são nossos pés que possuem raízes, são nossos corações. Você é livre para ir para onde quiser. Decida para onde verdadeiramente quer ir.
Abra os olhos e, principalmente, o coração. A vida, às vezes, espera essa atitude de nós, para também começar a agir. VIVA!
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