A gente tem que ter fé. Tem que acreditar. Tem que pensar que vai dar certo, que as coisas hão de melhorar.

Que amanhã vai ser melhor que hoje. Trata-se de uma das tarefas mais árduas que nós, seres humanos em evolução, carregamos conosco. A gente tem que ter fé.

Não é rezar até decorar a prece. Não é somente isso. É conversar com Deus, fazer carinho no universo, pedir colo pra Natureza. É saber que em algum momento tudo fará sentido. O que a gente ganhou (e acha que se deu bem) e o que a gente perdeu (e acha que se deu mal). Porque tem coisas que a gente acha que é presente, mas é só lição. E vice-versa.

Então ter fé é um exercício. É experimentar entender a essência e a alma de cada um que cruza nosso caminho.

É tentar perceber que tem uma alma viajante fazendo morada em cada corpo terreno. É olhar as flores brotando e ver a tradução de um milagre. É isso que é ter fé. Não se trata de nada além disso. E de tão simples que é, a gente demora pra notar.

É dar colo, é dar ouvidos, é dar as mãos. É sentir Deus nas coisinhas mais simples do dia, como o amanhecer azulzinho, como uma criança aprendendo a falar suas primeiras palavras. É ver, então, o divino nas minúcias (e é lá bem onde Ele está).

Ter fé é saber que não dá pra controlar tudo. Que o dinheiro não compra a paz. Que o sucesso tem a ver com ser feliz e não o contrário. Ter fé é aceitar ouvir os sentimentos, é acarinhar o coração e tudo o que vem de dentro. É crer piamente que a gente está sempre aqui por uma razão. E que os “e se” que vamos acumulando quando alguma coisa foge da rota é mero devaneio de quem ainda não sabe de nada. Porque ter fé é mergulhar no escuro. É saber que se a gente cuida do mundo, tem um mundo cuidando da gente.

Portanto, não é fácil ter fé. Repetir a palavra não garante o conteúdo. É aquele negócio de viver o que se diz. De enxergar e não apenas ver.

De ouvir e não simplesmente escutar. De entender,  finalmente, que dinheiro é só papel e que ele não compra coisa que tem valor, somente coisa que tem preço. Coisa que tem valor a gente consegue tendo fé.

A gente consegue chorando, sorrindo, falando sozinho e desacompanhado. É que aqui se esconde um grande segredo: ter fé prescinde compreender-se a fundo, (re)conhecendo quem a gente é. Conhecer a si mesmo é rezar a prece mais bonita que existe. É adentrar o âmago de uma alma, é embarcar numa viagem por vidas. Um monte. Muitas. E tantas.

Porque ter fé na vida é primeiro ter fé na gente. Que a gente erra, sim. Sempre e a toda hora.

Mas é saber que a gente pode melhorar, que sempre dá pra pedir desculpas, perdão, um abraço, uma nova chance. Porque nada está perdido, às vezes só acabou a gravidade, a gente não notou e a resposta está voando bem acima das nossas ideias!

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Ana Helena Lopes
Escritora de Letras Juntas que traduz emoções em pedaços de papel, compõe músicas sem melodia e brinca com o uni-verso até nascer um poema ou um dilema.

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