Precisamos resgatar a capacidade especial que temos de sentir. Sentir a nós mesmos. Sentir o outro. Essa dádiva que a vida nos deu e que nos permite nos conhecermos melhor.
É ruim quando dói, não é? Aperta, sufoca, queima. Tudo o que a gente quer é fazer parar. Anestesiar os sentidos é uma forma de proteger a alma e o corpo para tentar evitar o inevitável.
O medo de sentir novamente a dor sentida nos faz, cada vez mais, sentir menos. E assim, perdemos a capacidade de sentir. Ficamos mais rígidos e emocionalmente indisponíveis.
Enchemo-nos de trabalho, metas, atividades, correria para justamente não sobrar tempo para sentir. Então passamos a simular sentimentos. Emprestamos dos amigos as risadas quando estamos em grupo. Copiamos as lágrimas que vemos nos filmes. Esboçamos uma meia empatia ao ver uma criança ou um necessitado.
Precisamos resgatar a capacidade especial que temos de sentir. Sentir a nós mesmos. Sentir o outro. Essa dádiva que a vida nos deu e que nos permite nos conhecermos melhor. É sentindo que acessamos áreas peculiares do nosso eu interior.
É preciso sentir para viver. O sentir é a máxima da sensibilidade que nos faz humano.
Talvez, nem sempre será possível escolher o que se sente, mas que isso não nos impeça de sentir. Nenhuma dor vale essa perda. Toda dor vale a pena, talvez não agora. Talvez não na hora. Mas acredite em mim.
É verdade que a dor que se sente hoje não o fará mais forte (pelo menos não agora), também aceitá-la não fará com que a mesma diminua ou suma. Mas uma coisa certamente ela fará. Fará você se sentir viva. Pois somente os mortos não sentem.
E é aí onde mora o segredo. Você sente, pois está vivo(a) suficientemente para viver sobre e além da dor. Então poderá sentir também uma gratidão contraditória.
Mas se você não abrir mão de simplesmente sentir ainda que seja a dor, o sofrimento, a saudade, a falta, a tristeza, o medo, a angústia… então, nada o(a) impedirá de sentir o amor, a alegria, a satisfação, a gratidão, a segurança, o conforto, a proteção…
Nenhum sentimento é maior do que a própria capacidade de sentir. Sinta o outro, sinta o ambiente, sinta a si mesmo(a) e jamais, jamais abra mão da sua capacidade de sentir.
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