É incrível! Você pode até dizer que não quer mudar ninguém, que respeita as pessoas como elas são, até alguém discordar de você e aparecer o pensamento “Ele está errado”.
Quem já não quis mudar o parceiro? Quem já não quis convencer o amigo que a sua ideia era melhor que a dele? Quem já não pensou que o amigo agiu errado porque deveria ter feito isso, e depois assim, e assado. Quem já não tentou pensou: “Se fosse eu teria feito diferente”.
Quem já não tentou convencer o filho a fazer engenharia, sendo que ele tinha vocação para educador físico por exemplo?
Eu tinha 30 anos e batia o pé dizendo que não era influenciada por ninguém. Doce ilusão! Ok, está tudo bem. Nós somos impulsionados desde crianças a interferir e palpitar na vida alheia. Esse é o jeito de ser da nossa cultura, o jeito humano. Entretanto, com o passar dos anos, na maturidade, muitas vezes nos pegamos infelizes com nossas escolhas, e percebemos que cada um tem o seu jeito, o seu caminho a seguir, o seu entendimento a respeito do mundo.
Hoje percebo que a minha primeira escolha livre de interferência foi cursa filosofia, já como a segunda graduação. Daí em diante muita coisa mudou, pois com pequenas decisões aumentei minha autoestima e posso dizer que realizei coisas totalmente fora do padrão esperado, mas que foram atreladas à minha verdade.
E após passar por algumas experiências, percebo o quanto é libertador, tanto para mim quanto para aqueles com quem convivemos, quando aceitamos o outro exatamente como ele é e como ele se apresenta para nós.
Porque o nosso desejo de controlar e dominar o outro é muito forte, e está ligado a outros sentimentos como proteção, aprovação, segurança. E com certeza o sentido é esse: ao mesmo tempo que o desejo de controle nos causa angústia e constante tensão, porque é inútil controlar o outro, também é libertador perceber que a única pessoa que eu devo dominar sou eu mesma. Então, da próxima vez que opinar sobre a vida de alguém, ou tentar persuadir alguém para escolher algo melhor na sua opinião, lembre que existe aí um desejo de controle.
E por outro lado, a melhor caridade que você pode fazer para alguém é dar ao outro o que você tem de melhor, e com certeza essa qualidade ajudará o outro a fazer uma boa escolha, que não necessariamente combina com a sua.
Porque mais do que dar uma opinião e mostrar um caminho, que significa dar o peixe, o melhor ensinamento consiste em ensinar o próximo a pescar.
Estamos numa época de reflexão. Hora de ver o que realizamos e planejar um ano novo.
Quando nos responsabilizamos pelas nossas escolhas, deixando de lado a opinião alheia, escolhemos melhor, pois ninguém melhor do que você para intuir o melhor caminho dentro de suas reais possibilidades.
Que esse ciclo se encerre com grande sentimento de dever cumprido, e que você possa tomar suas escolhas como realmente suas, com muita vontade de mudança, e consciente dos seus talentos e limitações para realizá-la.
Descubra a verdade pelas suas próprias experiências!
Grande abraço,
Simoni Venturini
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