Algumas pessoas buscam conhecer o amor através de livros. Extraem das histórias de paixões proibidas, desafiadoras e sofredoras, inspirações para as próprias experiências. Acham que aprender a transitividade do verbo as ajudam a amar. Ou então se projetam nas personagens de Nicholas Sparks como forma de aprendizagem.
Outras recorrem à música, como se fossem absorver o amor de forma sinestésica. Da mesma forma nas artes, nos outros…
Buscam-se receitas, fórmulas, manuais e rituais para manejar o amor. Amar de forma consciente, amar com segurança. Uma necessidade que vem de fora, ensina que o amor precisa ser técnico, e os amantes profissionais. Peritos na arte do relacionamento. Se fosse mentira o assunto não renderia tanto comércio do “passo a passo do amor”. E dentro de uma cultura onde ser profissional é uma questão de sobrevivência, seja nos negócios e nos estudos, nos relacionamentos não seria diferente. Ou seria?
O que eu proponho aqui é a desconstrução desse amor profissional. Minha apologia é para o amador.
O amor amador. Pena que nos limitamos a apenas parte dessa semântica. Nossa ignorância logo nos faz rejeitar o amador. Mas se ousarmos ultrapassar a negatividade do adjetivo, poderemos, então, desvendar o substantivo masculino daquele que faz por amor. Pergunte ao seu dicionário.
O amador é o que ama. Sem interesse. Que se dedica apenas por vontade ou curiosidade, não por profissão. Faz do amar um hobby. Sem crise e sem crase.
Sem as pressões e convenções. O amor amador é intransitivo. É um apreciador que se contenta pelo simples prazer de amar. E por isso ele ama mais. Não há peso, nem pressa, nem rotina, nem tempo. Não há expectativa e por isso não há frustração.
E por não ser profissional, também não há concorrência, nem competição. O amador é voluntário.
O amador: aquele que faz por amor. Como toda redundância, perde seu valor, mas não o seu significado.
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