Um dia desses lembrei-me de uma das experiências mais fofas do tempo que morei nos EUA: numa agradável noite, uma das filhas do casal que me hospedou estava visitando os pais com seus 5 filhos (sim!) que eu amava. Não me recordo ao certo as idades de cada um, mas eram 4 meninos e a caçula era uma princesinha neném. Dois deles já eram mais crescidos e queriam brincar sozinhos do lado de fora, os outros dois queriam ir junto, mas foram ignorados e correram para contar para a ”mommy”.
Eu fiquei olhando aquela situação e achando bem natural, até engraçadinho.
Esperava que a mãe chamasse os maiores e os obrigassem a levar os ”little brothers”, ou que ela dissesse aos menores que se contentassem em ficar em casa e pronto.
Mas, não: ela se agachou, perguntou o que havia acontecido e como eles estavam se sentindo. Depois, os abraçou em silêncio até que parassem de chorar, beijou as cabecinhas e disse: ”Mom loves you sweeties!” – com a atenção plena que o conflito exigia.
Por conta própria, em seu tempo, eles secaram as lágrimas e decidiram brincar com a caçulinha que ainda estava aprendendo a andar.
ISSO É EMPATIA. A capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa a partir da perspectiva da pessoa em questão, não da sua própria.
O que a empatia NÃO é:
- simpatia, que tenta florir a situação apenas para consagração do próprio simpático
- pena, que traz lamento pela pessoa e um fundinho de ”antes ele do que eu”
- a velha máxima ”trate as pessoas como gostaria de ser tratado”
Poderia cravar esse terceiro ponto dizendo que você é você e o outro não é você.
Porém, hoje estou elaborativa:
Vivemos num mundo que, por diversas razões políticas, ideológicas, sociais, etc., nos torna cada vez mais egoístas e egocêntricos, roubando-nos a sensibilidade de compreender que você tem uma história, tem experiências e referências que o condicionam a gostar de ser tratado de maneira ”X” e outros indivíduos, simplesmente, não. Por isso, prefere ser tratado de maneira “Y”.
Era a situação daquela mãe diante das crianças, ela poderia não dar a mínima – até então, era o que eu faria, afinal, comparado aos ”super problemas de adultos”, o que era aquilo?!
Mas, o primeiro passo para a empatia verdadeira é deixar de usar a si mesmo como parâmetro normativo de comportamento para todos os seres humanos da Terra.
Fácil? Não. Leva tempo, mas o tempo é um dos deuses mais lindos e empatia… Ah! Empatia é muito amor!
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