Sensibilidade é um substantivo feminino por definição, talvez por isso seja associada a uma característica tipicamente feminina, entendida como o espaço da fragilidade, da fraqueza…
Porém, penso que os sensíveis são os mais fortes porque deixam espaço para o que lhes toca o coração, o que lhes chega aos olhos; o que lhes faz sentir.
A verdadeira definição de sensibilidade deveria ser a característica dos que sentem. Uma capacidade psicológica superior que é desenvolvida por poucos. Esses poucos são os mais felizes porque, embora sejam entendidos como os fracos, são os que se ocupam de viver o que lhes faz pulsar, de sentir o que lhes toca e de chorar, sim, pelo que lhes invade o coração…
O que está faltando são pessoas sensíveis: ao mundo, ao outro, a elas mesmas. Indivíduos que não tenham medo de sentir, de chorar, de viver. A vida se resume a um emaranhado de sentimentos que nos tomam todos os dias e isso é a vida em seu pleno curso.
Se nos negarmos a viver os sentimentos, estaremos indo contra a nossa própria essência e fechando os nossos olhos e o nosso coração para o que realmente importa.
O defeito das pessoas é que estão criando uma redoma em volta de si na qual o ser sensível não tem vida, porque mostrar emoção virou sinônimo de fraqueza, mas a verdade é que o mundo precisa de mais pessoas honestas consigo mesmos, pessoas que sentem e que vivem seus sentimentos, sem se preocupar com os outros: uma lágrima que escorre não significa fraqueza, mas franqueza em viver e a liberdade de se tornar mais humano.
A falta de sensibilidade está criando pessoas que não sabem olhar para além delas e do seu próprio umbigo. O que mais vemos hoje em dia são pessoas que preferem ser vistas como fortes, enclausuradas em jaulas de ferro, barreiras que as impedem de enxergar um palmo à frente do seu nariz.
Por isso, gosto tanto de uma passagem de Saramago: “Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia”…
A sensibilidade é a janela colorida que nos abre os olhos para enxergar a beleza das coisas, mesmo as mais simples; ela nos alerta para ver as atitudes erradas dos seres humanos; deixe-nos olhar para o outro com os olhos de quem o enxerga com profundidade. E não há coisa mais bela do que saber sentir, saber ver para além dos olhos, saber ouvir os silêncios que dizem muito. Saber dar sentido ao que nos toca pelos sentidos: pelo tato, pelo olfato, pelo paladar, pela audição e pela visão.
Ser sensível não é sinônimo de ser bobo, fraco ou incapaz. Significa apenas que você sabe ler o outro, sabe identificar que sorrisos não significam pessoas felizes e que silêncios podem significar mais do que quaisquer palavras; sabe ser humano em sua complexidade e na sua forma mais plena.
Saber sentir é para os fortes, para os que têm coração e para os que não se importam em viver cada dia e cada sentimento com a sensibilidade devida.
Com a sensibilidade de saber viver a vida e de aproveitar tudo que ela oferece aos que conseguem enxergar para além de si mesmos.
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