Soltar, largar, encerrar

Soltar, largar, permitir encerrar para o novo chegar é um lançar de precipício! E um novo que requer audácia, muita coragem, sabedoria e amor!

“Eu me joguei no precipício e me agarrei à corda da direita, e agora eu só olho para a corda da direita e vou, sem olhar para trás”!

Esta foi para mim, a parte tocante da história que um amigo me contou esta tarde.

Ele saiu, há um ano, de uma relação de 10 anos porque sentiu que queria mais! Sentiu esgotadas as possibilidades, não estava mais satisfeito, não sentia mais o ressoar daquela relação, não havia mais para onde correr, e, então, ele decidiu um caminho de coragem – decidiu lançar-se no precipício – no novo – e enxergou como oportunidade de salvamento a corda da direita, na direção que acreditou ser “em frente”!

Para frente, como se faz numa leitura – da esquerda para direita, sem olhar para trás. É e assim mesmo que toda história é contada e continua!

Admirei sua coragem e audácia! Tantas pessoas pagam até mesmo psicanalistas para terem esta mesma atitude de seguir em frente sem olhar para trás, recomeçar, arriscando a própria sorte, a vida, o momento.

E, na verdade, a vida é isso mesmo. Quando nascemos, nós nos lançamos no precipício da oportunidade da vida, quando aprendemos a caminhar, nós nos lançamos no precipício dos primeiros passos, quando descobrimos nossos dons, nós nos lançamos no precipício de arriscar a viver dos talentos, quando casamos, nós nos lançamos no precipício da vida a dois… e quando morremos, então, nós nos lançamos no precipício da eternidade.

Soltar, largar, permitir encerrar para o novo chegar é um lançar de precipício! E um novo que requer audácia, muita coragem, sabedoria e amor!

Muitas vezes este lançar no precipício e recomeçar não significa apenas findar a relação, mas deixar morrer os aspectos que não estão mais favoráveis para a transformação!

Permitir novos olhares, entendimentos. A vida é uma constante mudança. Nada é, tudo está.

Ele está bem! Sinto-o admirado com sua atitude de amor-próprio. O senti mais vivo que nunca.
Que bom! Pensei: mas e aí, qual a fórmula?

Saber o que se quer e o que merece e ir atrás. E muitas vezes este ir atrás requer também desapegos! Novos entendimentos, novos olhares para a própria vida. Saber quão profundo é seu nado. Há pessoas que preferem o raso, há aquelas que amam o profundo.

Na verdade, nós sempre sabemos o que merecemos – nós sempre sabemos o que é melhor para nós. Nosso corpo nos mostra isso o tempo inteiro. Muitas vezes não sintonizamos com os sinais de forma direta porque a mente está ruidosa, mas basta um mal-estar para saber que algo não está bom.

Analisar os sentimentos e entender que o problema não está na pessoa ou circunstância que causa a angústia, mágoa ou tristeza, mas entender que este sentimento é meu, gerado por mim, pelos meus próprios pensamentos e por isso devo saber o que fazer em relação a isso. E o que eu vou fazer com ele compete somente a mim! Às minhas atitudes, às minhas escolhas pessoais, que devem estar sempre munidas de amor.

Saber o que deve ser mudado requer também diálogo e entendimento. Ele saiu da relação sem ser no “pé de guerra.”

Ambos decidiram, após longa conversa, que precisavam mesmo se afastar. Agradeceram à passagem de cada um em suas vidas, e ele, pelo menos, seguiu.

E é bom saber quando o voo no precipício será agendado.

Sobre a história do meu amigo, eu entendi seu ponto de vista e foi muito bom tê-lo ouvido. Uma inspiração a mais para as decisões que precisam ser tomadas. E um olhar mais audacioso para a vida é sempre bem-vindo em situações de dúvida.

Lembrei que já saltei inúmeras vezes de tantos precipícios! E sempre existiu a corda da direita, e relembrei agora que não importa o que aconteça, ela sempre estará lá!


Direitos autorais da imagem de capa: unsplash – ZbWSt_Hz0-I

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Anieli Talon
É jornalista, e tem a comunicação como aliada. Atuou em Santa Catarina como locutora, apresentadora e repórter nas emissoras SBT e Band. Deixou o jornalismo junto com o estado para se dedicar a outra paixão. Atriz por formação, vive em palco e não dispensa um microfone como locutora e dubladora. Escritora por natureza, tem mania de preencher folhas brancas com textos contagiados por suas inspirações.

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