Marcia denuncia o restaurante por racismo e filma um garoto branco, da mesma idade que seu filho, usando roupas similares no mesmo local.
No Brasil, “o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”, de acordo com o inciso XLII do artigo 5º da Constituição Federal de 1988. A principal intenção constitucional é tentar acabar com a realidade discriminatória de raça no país, mas sabemos que poucas pessoas são enquadradas na lei.
Nos Estados Unidos, o racismo também sobrevive à cultura, mas diferentemente daqui, é um país em que já houve leis abertamente racistas. A segregação racial norte-americana foi instalada pelas chamadas leis de Jim Crow aplicadas, na teoria, de 1877 a 1964, exigindo que os espaços públicos tivessem separação entre negros e brancos.
Desde a Guerra de Secessão (1861-1865), o desenvolvimento do país foi se firmando em práticas racistas, inclusive com o sistema educacional separando os indivíduos pela cor da pele.
Enquanto no Brasil o racismo se apresenta de forma velada, disfarçado de piada e festa, nos Estados Unidos, ele surge de maneira mais irascível, mas em ambos os países a violência e o ódio contra os corpos não brancos se instalam fortemente. A enfermeira Marcia Grant compartilhou em suas redes sociais um momento ultrajante com seu filho, quando foram expulsos de um restaurante.
Na ocasião, a mãe compartilhou vídeos e fotos explicando que o estabelecimento pediu para ela e o garoto se retirarem, negando-lhes o serviço porque as roupas do filho supostamente não se encaixavam no código de vestimenta local.
O menino, que usava uma camiseta, shorts esportivos e tênis, poderia perfeitamente ter suas roupas consideradas “inadequadas” em um local, desde que essa fosse a regra, não a exceção. No vídeo compartilhado no perfil do Facebook de Marcia, ela mostra que no restaurante uma família branca, com um dos membros vestido de maneira semelhante à do seu filho, não foi convidada a se retirar.
Direitos autorais: reprodução Facebook/Marcia Grant.
A mãe é cirúrgica em seus argumentos e explica nas filmagens que ambos apenas queriam fazer uma refeição, mas foram barrados porque o filho de 9 anos não poderia usar roupas esportivas, mesmo que um menino branco estivesse usando roupas semelhantes.
O funcionário sai e volta do enquadramento do vídeo várias vezes, mas sempre dizendo que eles possuem um código de vestimenta e indicando que Marcia colocasse shorts menos esportivos no filho.
A mãe filma a família branca e o menino que usava camisetas da mesma marca que a de seu filho, e explica que já enfrentou o racismo diversas vezes, mas que é difícil quando o filho de 9 anos se sente chateado por ser tratado diferentemente de uma criança branca.
O Grupo Atlas Restaurant, que coordena o Ouzo Bay, local onde tudo aconteceu, manifestou-se publicamente em sua conta no Twitter e classificou o ocorrido como “incrivelmente perturbador”, segundo reportagem da CNN.
Direitos autorais: reprodução Facebook/Marcia Grant.
Direitos autorais: reprodução Facebook/Marcia Grant.
No documento, o estabelecimento assume a culpa pelo que aconteceu, pede desculpas, informa que o gerente filmado foi afastado por tempo indeterminado e que decidiram modificar o código de vestimenta do local, estabelecendo que crianças até 12 anos, acompanhadas dos pais, podem vestir o que quiserem.