Considerada uma das cenas mais complexas e emblemáticas da trama, Bruno Luperi optou por percorrer outro caminho, ainda que na mesma seara.
Quando foi ao ar pela primeira vez, em 1990, a novela “Pantanal” atraiu a atenção do público pelas inúmeras cenas de nudez e violência, comuns em tramas exibidas pela Rede Manchete. Escrita por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Jayme Monjardim, o folhetim teve passagens icônicas, como a castração de Alcides por Tenório por vingança, fazendo com que o ibope fosse superior ao de qualquer emissora, incluindo a Globo.
Este ano, o remake de “Pantanal”, escrito por Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, foi ao ar na Rede Globo e teve algumas alterações na trama. Logo de início, o público percebeu que a nudez e alguns temas mais sensíveis eram explorados de maneira diferente, sem deixar tão explícitos como na primeira versão.
Um dos momentos mais aguardados pelo público – principalmente aquele segmento que acompanhou as duas versões – é a castração de Alcides por Tenório. No folhetim de 1990, Tenório (Antônio Petrin) descobre que Maria Bruaca ( ngela Leal) o estava traindo com o peão Alcides ( ngelo Antônio) e decide se vingar, prendendo os dois em uma tapera e castrando o amante da esposa.
Na nova versão, Bruno Luperi, de acordo com informações do portal Notícias da TV, decidiu mudar um pouco o desfecho e já anunciou que a castração não vai acontecer. Embora ela tenha sido cogitada pelo Tenório da atual versão, interpretado por Murilo Benício, o autor decidiu partir para outro tipo de vingança, e tudo indica que o peão Alcides, interpretado por Juliano Cazarré, vai sofrer abuso sexual do marido traído.
Como vai acontecer?
Tenório vai sequestrar Alcides e a esposa, Maria Bruaca (Isabel Teixeira), com a intenção de torturá-los em uma tapera. No início, o grileiro vai pedir que a esposa solte os cabelos para que ele force uma relação sexual não consensual na frente do peão, mas a tentativa vai fazer com que a mulher fique desesperada, implorando para que o marido não cometa o estupro.
Alcides vai chegar a chamar Tenório de corno, e isso vai enfurecer ainda mais o marido, que vai arrastar o peão para um quartinho, deixando Maria Bruaca do lado de fora, sem saber o que está acontecendo. O grileiro vai ameaçar castrar o peão para deixá-lo “mansinho”, a esposa vai pedir que não o mate, já que ama Alcides, mas isso não fará diferença para o marido, que vai trancar a porta depois de anunciar que vai “fazer algo muito pior” com o amante.
Direitos Autorais: Globo/Divulgação
Maria tentará entender o que está acontecendo olhando pelas frestas na porta, e os sons de Alcides urrando darão a entender que ele está sofrendo violência sexual de Tenório. O sofrimento do peão vai se estender durante toda a madrugada, e o grileiro abrirá a porta no dia seguinte, mostrando à esposa o resultado de sua tortura.
Bruno Luperi não vai deixar nenhuma cena explícita, mas os impactos da tortura no peão serão evidentes: além de estar machucado fisicamente, ele ficará com a masculinidade e a brutalidade abaladas, precisando conviver com as marcas do abuso. Tenório vai mandar Maria recolher seu homem, e ainda vai alegar que ele não servirá para muita coisa depois do seu ato.
Alcides vai dar a entender que não foi castrado, mas que Tenório acabou com sua vida, enquanto a amante vai pedir que ele se apegue aos pontos positivos, dizendo que, pelo menos, ele não morreu. O peão irá dizer que está “morto por dentro”, e ainda vai anunciar que matará o rival, deixando a amante livre para seguir com sua vida.
Preocupado com o comportamento do peão, Zaquieu (Silvero Pereira) vai tentar confortar o amigo, dizendo que ele precisa conversar com alguém antes que a raiva o consuma definitivamente. Alcides vai dizer que pretende levar o ocorrido para o túmulo, junto com o responsável pela situação. O ex-mordomo vai dizer que ele não deveria carregar nenhum tipo de vergonha, e o peão vai dizer que “foi currado”, deixando o amigo incrédulo.
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Traumatizado com o que aconteceu, Alcides vai precisar aprender a lidar com o assunto, desmistificando o estupro e o dissociando de sua sexualidade. Ele vai narrar o que aconteceu a Maria Bruaca, pedindo que ela não conte a ninguém, mas ela acabará contando para Filó (Dira Paes), com medo do que pode acontecer no futuro. Por sua vez, a mulher vai explicar que precisa contar ao companheiro José Leôncio (Marcos Palmeira), alegando que o abuso ocorreu dentro de sua propriedade.