O último trabalho na televisão da atriz foi em 2015, em “Chiquititas”, e esse afastamento se deve a ausência de interesse que tem nas possibilidades de trabalho.

O folhetim “Pantanal”, exibido em 1990 na Rede Manchete, fez sucesso no país durante os meses em que foi exibido, apelando para a nudez em excesso e cenas extremamente violentas, dois âmbitos que costumavam atrair a curiosidade do público na época. Criada por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Jaime Monjardim, o elenco da primeira versão da novela acabou, em sua grande maioria, conquistando grandes contratos depois do fim das gravações.

Alguns dos atores da novela exibida há 32 anos foram convidados para integrar o time deste ano, vivendo as versões mais velhas de seus personagens ou outros tão interessantes quanto. Mas outros não foram convidados por Bruno Luperi, neto de Benedito e o responsável por colocar a novela no ar, junto com toda a equipe técnica por trás das gravações e produções, e esse foi o caso de Elaine Cristina, 72 anos.

Em uma entrevista para Heloisa Tolipan, a atriz falou um pouco sobre suas impressões sobre o remake de “Pantanal”, e muitos não esperavam o que ela iria dizer. Depois de viver Irma na primeira versão do folhetim, Elaine afirma que acredita ser um “erro” a nova versão da novela, e que está bem descontente com os rumos que ela acabou tomando ao longo das semanas.

Para Elaine, a saída deveria ter sido pegar os filhos que os personagens principais tiveram em 1990, como o de Juma, de Irma, Zefa e Guta, para criar uma continuação de “Pantanal”. Usar os herdeiros em uma nova história, posicionando-a na atualidade, seria uma saída “linda”, de acordo com a atriz, mas a forma como foi conduzida a narrativa do remake, refazendo a história original acabou “quebrando o encanto”.

Elaine garantiu que suas críticas não nasceram do fato de que queria ter sido escalada para a nova versão, e que sequer conseguiu assistir mais de um episódio, tendo parado no primeiro capítulo e nunca mais continuado. Para a atriz, a forma como foi abordada a questão da compra e venda de terra na trama não foi respeitada da maneira como foi construída anteriormente, e que a maneira como foi explorada a questão acabou a incomodando. Atualmente, Irma foi interpretada por Camila Morgado.

Direitos Autorais: Reprodução/TV Globo

Segundo a atriz, o “Pantanal” não é um espaço de debates políticos, mas sim de pureza e de natureza, com meninas locais nuas nos rios. Elaine conta que, na primeira versão, tentaram fazer com que Irma também se despisse, mas ela “bateu o pé” e explicou que sua personagem era nascida na cidade, e que não deveria protagonizar cenas do tipo porque não teriam a ver com suas origens.

Redes sociais

Nas últimas duas décadas, Elaine trabalhou como atriz em apenas três produções, “Revelação”, em 2008, “Vende-se Um Véu de Noiva”, em 2009, e “Chiquititas”, em 2015. Ela passou um longo período sem redes sociais, até que um dia se deparou com uma notícia de que tinha falecido vítima de um AVC. Chocada com a notícia falsa, acabou sentindo a necessidade de falar com as pessoas que sempre acompanharam seus trabalhos, e acabou criando uma “corrente do bem”, como ela chama sua plataforma pessoal.

Direitos autorais: reprodução Instagram/ @elainecristina.atriz_oficial

Mesmo apreciando o teatro, Elaine revela que não sabe se irá voltar aos palcos, isso porque os patrocínios atualmente são inexistentes, como as verbas liberadas pela Lei Rouanet, patrocinadores particulares ou mesmo capital próprio. A atriz chegou a receber comentários de haters depois que falou em seu canal do YouTube de maneira descontextualizada sobre a ditadura militar.

Ela comentou que nunca vivenciou nenhum episódio atroz durante o processo histórico, e que até mesmo usa a palavra “repressão” entre aspas. De acordo com a atriz, ela conhecia muitos militantes ativos de oposição à ditadura militar que tinham “o direito de fazer o que quisessem”. Além disso, Elaine defende que se sente muito mais “policiada” atualmente, sem poder falar aquilo que pensa sob o risco de ser taxada de homofóbica, racista ou preconceituosa.

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Agatha Rodriguez
Jornalista e redatora no site O Segredo. Procura escrever sobre temas impactantes e presentes no cotidiano de todos, incentivando as pessoas a se tornarem melhores a cada dia.

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