Entenda o que está por trás da tendência que está se popularizando entre as mulheres!
Para muitas pessoas, a definição ideal de um casamento é: a mulher entrando na igreja/templo de vestido branco, sendo admirada pelos convidados e caminhando em direção ao altar enquanto seu futuro marido a observa com os olhos em lágrimas.
A adoção do sobrenome do marido também é um ponto importante na concepção dos mais tradicionais, sendo uma demonstração e amor e de dedicação aos relacionamentos.
Por muito tempo, esse foi padrão tido como o ideal para qualquer relação romântica, mas com o passar dos anos, com o crescimento dos ideais feministas, muitas coisas sobre os casamentos mudaram.
Hoje, as esposas não apenas exigem viver uma relação de companheirismo, onde as responsabilidades e tarefas são divididas, elas também não acreditam que precisam ter o sobrenome de seus companheiros para provar que são suas cônjuges de fato.
Essa tendência foi confirmada através de um recente feito pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Os dados mostram que houve uma queda de 24% no total de mulheres casadas que optaram por adotar o sobrenome do cônjuge, mais da metade tem escolhido permanecer com o seu mesmo nome de batismo.
Dados da Arpen-Brasil também informam que apenas 7% dos cônjuges optam pela troca mútua de nomes, um número dez vezes maior do que a de homens que adotam sozinhos o sobrenome de suas cônjuges.
É válido ressaltar que não faz muito tempo que a população brasileira passou a ter a opção de escolher o próprio nome após o casamento. De acordo com informações da IstoÉ, até 1977, quando entrou em vigor a Lei do Divórcio, a mulher era obrigada a adotar o sobrenome do marido e se houvesse separação, o homem deveria autorizar a parceira a retirar o nome dele.
Por muito tempo, os homens foram vistos como superiores às suas esposas pela Justiça. Apenas em 2002, um novo Código determinou o conceito de que homens e mulheres são livres para escolher que sobrenome usarão depois da união.
A advogada especialista em gênero Mariana Regis explicou que antes disso “as leis refletiam os valores patriarcais do passado”, com a mulher sendo vista como uma posse do marido após o casamento.
No ano passado, uma outra mudança deu mais autonomia para as mulheres quando seus casamentos terminam. Elas deixaram de precisar entrar com um processo judicial para retirar o sobrenome do companheiro após o divórcio. O processo agora pode ser feito em um cartório, sem grande burocracia.
Grande parte da mudança da tradição das mulheres adotarem os sobrenomes de seus maridos foi devido aos debates sobre pautas sociais, e a mulheres que resolveram se opor aos procedimentos considerados padrão.
No entanto, na opinião da historiadora Mary Del Priore, ainda existem desigualdades nas questões de gênero. Ela argumenta sobre ainda existir a tradição de dar apenas os sobrenomes paternos aos filhos, “apagando a linhagem materna da família”.
Para Mary, isso pode parecer apenas um detalhe à primeira vista, mas um nome tem o poder de “marcar uma posição e expressar um avanço da sociedade”.
Embora essa tenha sido uma decisão bastante comemorada por diversas mulheres, nem todas preferiram abandonar de vez a tradição, optando por adaptá-la a sua realidade.
A IstoÉ, a advogada Carolina Reikdal Conway, 44 anos, explicou que ela e o marido tomaram a decisão de adotar o sobrenome um do outro nos documentos após o casamento. Em sua visão, como estavam formando uma família, era valioso criarem uma identidade própria.
Sua ideia, no entanto, foi um tanto quanto “revolucionária”, e por não se tratar de um procedimento comum, eles tiveram algumas dificuldades no cartório.