As caras e bocas tão presentes nas selfies parecem ser parte de um intenso movimento de busca de reconhecimento.
Vivemos na era das redes sociais. Fato inegável. Ainda que muitos de nós discordem da maneira como estamos gastando nosso tempo e temam pelas futuras gerações e o “vício” nessa tecnologia, a realidade é que praticamente todo mundo tem pelo menos um perfil nas redes sociais e passa boa parte do tempo de olho em tudo que acontece com os amigos virtuais.
No entanto, o que durante algum tempo foi apenas uma maneira de fazer amigos, reencontrar os antigos e compartilhar interesses em comum, tornou-se uma das formas mais importantes de receber reconhecimento, carinho e massagem do ego.
Como muitos prestam mais atenção no que acontece nas redes sociais do que no mundo ao seu redor, estabelecemos que, ao invés de querer causar uma boa impressão pessoalmente, temos que mostrar nosso valor através de perfis, e isso culminou em diversas tendências.
As selfies são uma das tendências que mais ganharam força nos últimos anos, e correspondem a fotos nossas tiradas por nós mesmos. De tanto que se popularizaram, até mesmo foram criados “bastões” que nos permitem tirar essas fotos com melhor qualidade e sem o risco de tremermos.
Dentro do universo das selfies, existem vários estilos, alguns mais prestigiados e populares do que outros. Por um bom tempo, as selfies mais interessantes aos olhos dos usuários das redes sociais eram as famosas “bico de pato”.
Direitos autorais: Reprodução Instagram
Não importa se estávamos no Facebook, Instagram ou Twitter, bastávamos rolar o feed para encontrar milhares de pessoas, especialmente mulheres, rendendo-se a essa pose e recebendo dezenas de comentários sobre o quanto estavam bonitas.
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Entretanto, recentemente, as selfies “olho de peixe” roubaram o lugar de mais populares. Especialmente entre os jovens, esse tipo de foto, que nos deixa com cara de sono ou profundo desprezo por tudo ao nosso redor, tem sido visto como uma representação de estilo, inclusive algumas famosas têm se rendido a essa pose, influenciando muitas pessoas.
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Embora essas fotos tenham se tornado parte do comportamento humano, coisas que todos esperamos ver quando abrimos as nossas redes sociais, são muitas as pessoas que não se agradam delas e até as enxergam como parte de algo maior.
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O que pode estar por trás das “caras e bocas” nas selfies
Sabendo que manter um perfil “atualizado” e cheio de seguidores nas redes sociais hoje é uma das melhores maneiras e conquistarmos reconhecimento e até melhorar a nossa autoestima, essas maneiras de fotografarmos a nós mesmos são interpretadas por muitos como a representação da falta de autenticidade e da necessidade de nos encaixarmos.
Queremos tanto nos enquadrar no padrão do que é “legal” ou “descolado”, que deixamos de lado algumas de nossas características interessantes e únicas apenas para conseguir likes e comentários de outros perfis.
Estamos dispostos a abandonar muito de nossa essência para viralizar e agradar a pessoas que nem sequer se importam verdadeiramente conosco ou com nossa felicidade. Embora seja uma atitude aparentemente inocente, que não merece polêmica, o fato é que as selfies e suas tendências podem ser muito mais do que imaginamos à primeira vista.
Algo que sabemos com toda certeza é que essas formas de expressão não desaparecerão tão cedo, na verdade, aperfeiçoam-se à medida que crescem as exigências das mídias sociais. Nesse sentido, precisamos ficar alertas para não deixar que as redes nos tornem uma sociedade de pessoas iguais.
Está tudo bem participar de movimentos e fazer “caras e bocas” que lhe pareçam agradáveis, apenas tome cuidado para não perder sua essência nesse processo.