A atriz abriu o jogo sobre a forma como enxergava seus relacionamentos, e confidenciou que chegava a trair os parceiros para conseguir encerrar os abusos.

Os inícios dos relacionamentos marcam momentos de profunda alegria e êxtase, em que os parceiros vão descobrindo, a cada dia, um pouco do outro. Não podemos afirmar em quanto tempo a intimidade de um casal está estabelecida, já que isso depende muito mais da configuração das relações do que da quantidade de horas que passam ou não juntos.

Nenhum namoro, a princípio, denota algum tipo de abuso ou assédio. Durante os primeiros meses, dificilmente o descontrole e o desequilíbrio emocionais serão pauta do casal. Mas as relações tóxicas existem: a violência doméstica é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros órgãos de diversas áreas de atuação no Brasil e no mundo como um fenômeno social.

A cada dia, basta abrir os noticiários para ver casos de feminicídio. Pequenas observações, em contextos variados de nossas rotinas, permitem-nos perceber que é preciso falar mais abertamente sobre a violência contra as mulheres e as formas para identificar (e sair de) relacionamentos abusivos.

Quando artistas e pessoas que estão em destaque na mídia nacional ou internacional usam suas vozes para falar sobre suas experiências em assuntos considerados “espinhosos” pela sociedade, auxiliam quem esteja passando por momentos semelhantes a identificar sinais precisos de que estão em um contexto de violência.

A atriz Deborah Secco, de 43 anos, em uma entrevista ao canal da Thaís Fersoza, falou abertamente sobre como enxergava os relacionamentos amorosos há alguns anos. Em clima de confissão, a artista revelou que manteve uma relação com um homem casado, e que ele havia 10 meses dizia que ia se separar, mas esse dia nunca chegava. Extremamente infeliz, ela conta que, um dia, chegou em casa, ajoelhou-se no chão e rezou.

Direitos autorais: reprodução Instagram/ @dedesecco.

Mas esse comportamento era uma constante na vida da atriz, que acabava se envolvendo com pessoas abusivas, criando um nível de dependência emocional que a deixava sem forças para encerrar os ciclos de abuso. De acordo com Deborah, ela precisava trair para se desprender afetivamente, para se apaixonar por outras pessoas, justamente por isso acreditava que “tinha apego aos maus-tratos”.

Direitos autorais: reprodução Instagram/ @dedesecco.

Esses casos ocorreram antes que a atriz conhecesse seu atual marido, Hugo Moura, com quem tem uma filha, Maria Flor. A forma como agia era apenas para conseguir se livrar dos abusos, e ainda reforça que não agia de maneira correta nem com sinceridade, mas que decidiu abrir o jogo quando conheceu o companheiro. Ainda na entrevista, Secco confidenciou que conheceu Hugo pelo Instagram e, quando viu sua foto, já sabia que ele seria seu marido.

Direitos autorais: reprodução Instagram/ @dedesecco.

Como identificar um relacionamento abusivo

É comum assistir a casos em que a vítima dos ciclos de violência e abuso seja criticada por não identificar antes os sinais de violência, reduzindo sua condição emocional, econômica e física a um comportamento que deveria beirar o robotizado. Mas a realidade é que, uma vez dentro de uma relação abusiva, existem níveis e ferramentas de manutenção que os abusadores utilizam para que as pessoas se sintam dependentes de alguma forma deles.

Essas dependências podem ser emocionais, afetivas, financeiras e até mesmo físicas, sendo que o perpetrador se vale de estereótipos enraizados na própria sociedade para reforçar esses estigmas. Muitos começam de maneira sutil, limitando o convívio de suas parceiras com amigas e familiares (limitando assim sua socialização com pessoas que possam tirá-las daquele ambiente) e mascarando o controle com demonstrações de “cuidado”.

O ciúme excessivo pode até levar os abusadores a pedir a suas companheiras para deixarem de trabalhar (ficando sem nenhuma fonte de renda), para que se vistam de outra maneira, ou outras situações que sejam confundidas com carinho ou amor. Qualquer tipo de controle pode sim ser caracterizado como abuso ou violência, e é justamente por isso que todas as vítimas acabam caindo num “buraco” do qual, a cada dia, é mais difícil de sair.

Com o tempo, aquele “carinho excessivo” se transforma em imposições, e as vítimas, já desprendidas de seus antigos círculos sociais e redes de apoio, veem-se sozinhas, sem perspectiva de mudar aquela realidade. Mas existem muitas formas de denunciar esses ciclos de violência, basta ter a certeza de que você não está sozinha.

Se você presenciar um episódio de violência contra a mulher ou for vítima de um, denuncie o quanto antes pelo número 180, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja por meio de ligação ou dos aplicativos de mensagem WhatsApp e Telegram.

 

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Agatha Rodriguez
Jornalista e redatora no site O Segredo. Procura escrever sobre temas impactantes e presentes no cotidiano de todos, incentivando as pessoas a se tornarem melhores a cada dia.

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