Por Uma mulher não identificada causou um grande debate em um fórum materno da Inglaterra após revelar que se sente insegura de deixar seu filho de 7 anos usar sozinho o banheiro público masculino. Para evitar que o menino sofra algum tipo de violência, ela o leva consigo para que ele use o banheiro feminino.
“O problema é que ele está começando a reclamar e quer ir ao banheiro masculino sozinho. Eu o deixei fazer isso em um lugar específico, onde nunca há ninguém por perto. Então, eu sabia que ele não encontraria ninguém nos mictórios”, disse a mãe, que se mostrou apreensiva com a segurança do filho. Ainda na publicação, a mulher pedia ajuda às demais participantes do fórum materno para saber como lidar com a situação.
Segundo a mulher, ela já teria explicado ao filho sobre espaço pessoal e consentimento, mas ainda assim, ela se sente preocupada e teria sido até tachada de “paranoica” por alguns familiares sobre não permitir que o menino vá sozinho ao banheiro masculino.
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Segundo a revista Crescer, muitas mães e outras mulheres participantes do fórum inglês ficaram divididas enquanto suas opiniões. Algumas concordaram com a atitude da mãe e outras não concordaram com a postura. Outras mães deram sugestões para que ela pudesse lidar com a situação.
“Você vai ter que se sentir confortável com isso mais cedo ou mais tarde. Ele não vai poder ir ao banheiro feminino por muito mais tempo”, comentou uma usuária do fórum materno inglês.
A polêmica iniciou quando uma usuária do fórum comentou que sempre confrontava “os meninos que parecem ter mais de 7 anos e usam o banheiro das mulheres”. Várias outras usuárias questionaram a situação.
“O que há de errado em uma criança estar no banheiro? Presumo que as pessoas estejam em suas próprias cabines e você feche a porta quando for usar o vaso”, respondeu uma internauta.
Embora para algumas pessoas a preocupação da mãe seja lida como banal, para a pedagoga consultada pela Revista Crescer, Caroline Arcari, a mãe tem razão de estar preocupada com a integridade física de seu filho.
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“O primeiro ponto a destacar é que, não, essa mãe não está paranoica. A violência sexual contra crianças e adolescentes é muito mais comum do que a gente imagina”, afirma a mestra em educação sexual e pedagoga Caroline Arcari.
Dados levantados pela BBC apontam que em dois anos, o número de casos de abusos contra crianças e adolescentes dobraram no Reino Unido.
O banheiro público continua sendo um local de alta vulnerabilidade tanto para crianças, quanto para mulheres adultas.
Segundo levantamento feito pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2022, homens são responsáveis por 95,4% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes.
“Muitas vezes o abusador se aproveita da ignorância da criança e, se ela tiver consciência, dependendo da situação, pode mesmo evitar que o abuso ocorra”, revela uma das autoras do estudo sobre violência sexual infantil, Luciana Temer, advogada, professora e diretora presidente do Instituto Liberta.
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Em outro relatório do Anual Brasileiro de Segurança Pública (2022), os dados apontam que em 2021 houve um crescimento de 2,3 de casos de estupro entre crianças e adolescentes entre 0 a 17 anos.
“Foram pelo menos 45.076 vítimas de estupro em 2021, o que significa uma taxa de 96,8 vítimas a cada 100 mil pessoas nessa faixa etária”, afirma, Betina Warmling Barros e Sofia Reinach, autoras do estudo “As violências contra crianças e adolescentes no Brasil”.
Para a especialista consultada pela Revista Crescer, é importante trabalhar com a criança comportamentos seguros, para que ela possa se proteger quando estiver sozinha. “A idade entre 8 e 10 anos é uma idade típica para se treinar esse tipo de habilidade”, comenta Carolina Arcari.
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