Mãe de criança trans de 8 anos revela: "Ela sabe que ainda é um menino, mas diz que por dentro é uma menina"

A britânica Jess Bratton, de 25 anos, mãe de dois filhos, relembra vividamente o momento em que encontrou seu filho Logan, então com 3 anos de idade, tentando cortar seu próprio órgão genital com uma tesoura. Esse incidente chocante fez com que ela percebesse que Logan, que sempre mostrou interesse em brincar com bonecas, não estava apenas passando por uma fase. Foi nesse momento que Jess decidiu permitir que Logan crescesse como uma menina.

Em uma entrevista ao Daily Mail, Jess compartilhou o ocorrido naquele dia: “Eu estava na cozinha preparando o jantar, de costas para a porta do quarto de Logan. Ele estava brincando e conversando com suas bonecas, mas de repente ficou em silêncio. Chamei seu nome e não obtive resposta. Então, alguns segundos depois, entrei no quarto e o vi sentado na cama com as calças abaixadas, segurando uma tesoura nas mãos. Gritei em voz alta, o que o assustou e rapidamente retirei a tesoura dele. Depois disso, apenas o abracei em meus braços e ambos choramos. Em seguida, expliquei a ele que se cortar iria doer muito e que, se ele quisesse fazer algo tão drástico, precisaríamos falar com um médico. Aquele dia me fez perceber a gravidade da situação. Não era apenas uma fase; meu filho realmente queria ser uma menina”, relatou Jess.

Desde tenra idade, Logan, agora com 8 anos, demonstrava maior interesse por roupas e brinquedos femininos. Ele usava toalhas na cabeça para simular cabelos longos. Jess não suportava ver Logan infeliz e sabia que as coisas teriam que mudar. Ela decidiu então consultar o médico da família. O médico disse que isso poderia não ser apenas uma fase, mas que Logan ainda era muito jovem para receber aconselhamento. “Meu médico disse que não havia muito que pudéssemos fazer, mas pediu para eu observar Logan. Antes disso, eu havia tentado incentivar Logan a usar roupas masculinas e brincar com brinquedos de meninos, mas depois desse susto, decidi aceitar e apoiar seu desejo de mudança”, explicou Jess.

Pouco antes do incidente com a tesoura, Jess deu à luz Lylah, sua filha mais nova. “Logo, Logan começou a me pedir para fazer seu cabelo e maquiagem. Ele estava tão interessado em mim, assim como em sua irmã quando ela nasceu. Conforme Lylah crescia, eles se tornaram mais como irmãs do que irmão e irmã, e o desejo de Logan de ser uma menina nunca desapareceu. Na verdade, só se fortaleceu. Quando Logan tinha 6 anos, começou a falar sobre mudança de sexo. Ele me disse que não queria mais ter genitais masculinos e continuou dizendo que queria ser chamado de ‘Maria’, assim como eu e sua irmã. Eu disse a ele que, quando estivesse um pouco mais velho, os médicos poderiam ajudá-lo”, lembrou a mãe.

Atualmente, Jess afirma que Logan, de 8 anos, e Lylah, de 6 anos, brincam juntos de maquiagem e bonecas. “Eles adoram se vestir e fazer desfiles de moda para mim e para o padrasto. Eles nos fazem julgá-los em competições de canto e dança e até nos permitem maquiá-los para ‘sessões de fotos'”, compartilhou Jess. A reação dos familiares e amigos foi positiva, segundo ela. “Logan tem uma forte rede de apoio e, felizmente, recebe apenas coisas positivas. No começo, houve uma pessoa estranha que me disse para ‘cortar isso pela raiz’ e impedir que ele usasse roupas femininas, mas eu não me preocupei. Eu sabia que era normal para as crianças experimentarem coisas novas. Houve momentos em que tentei realmente fazer com que ele se comportasse como um menino, encorajando-o a jogar futebol com outros meninos no parque, mas ele recusou. E eu não quero forçá-lo”, explicou Jess.

Uniforme escolar feminino

Quanto ao uniforme escolar, Jess tomou a corajosa decisão de permitir que Logan retornasse à escola vestindo um uniforme feminino no dia 8 de março deste ano. “Antes do Natal, Logan foi à escola vestido como menino. Agora, ela voltou vestindo um uniforme feminino pela primeira vez. Isso tudo graças à confiança que ela adquiriu durante a pandemia. Tem sido um momento muito positivo para Logan, dando-lhe a oportunidade de descobrir sua verdadeira identidade”, afirmou Jess. Em seu primeiro dia de aula, Logan usou uma saia feminina, suéter da escola, meias com babados, sapatos femininos de verniz, rabo de cavalo e faixa de cabelo.

Direitos autorais: Arquivo pessoal/ Jess Bratton

“Logan sempre teve muito medo de ir à escola vestido como uma menina, mas estar em casa durante a pandemia permitiu que ele se tornasse confiante o suficiente para seguir em frente. Enquanto ele não conseguia parar de sorrir, eu estava extremamente nervosa! Estava preocupada com a possibilidade de ele ser intimidado. Eu conversei com alguns pais da escola e com a professora de Logan sobre isso antes, e todos foram muito positivos. Felizmente, a escola tem sido muito solidária. A professora de Logan até mostrou um vídeo do YouTube para a classe sobre ser transgênero, e seus amigos acharam isso incrível”, revelou Jess.

Agora, Logan se sente confortável em se vestir como deseja, usando saias, acessórios femininos e maquiagem. “Ele adora quando os caixas do supermercado se referem a ele como uma menina e dizem que ele se parece comigo”, disse orgulhosamente a mãe. Por enquanto, Logan continua usando o mesmo nome, mas Jess explica que isso pode mudar. “Ele está feliz em mantê-lo por enquanto, mas, por se sentir diferente, deseja ter um novo nome. Já discutimos isso no passado e Logan escolheu alguns nomes, mas eles sempre mudam. Tenho certeza de que ele encontrará um nome adequado em breve”, afirmou.

Jess admite que ser mãe de uma criança transgênero pode ser solitário e, por isso, decidiu compartilhar sua história. “No início, eu me perguntava: ‘Por que eu?’. Era um lugar solitário para se estar, mas rapidamente superei isso. Eu não conhecia ninguém passando pela mesma situação, então fiz muitas pesquisas online e encontrei alguns grupos de apoio. Além de mostrar o quanto estou orgulhosa de Logan, quero compartilhar minha história para aumentar a conscientização sobre pessoas transgênero e encorajar outros pais a não se envergonharem de seus filhos”, disse. “Ele sempre foi uma menina. Ele nunca gostou de coisas de menino, nem mesmo antes de poder falar. Ele sabe que ainda é um menino, mas sente que por dentro é uma menina. Aconteça o que acontecer, só quero que ele seja feliz. Isso é tudo o que realmente importa”, concluiu Jess.

Direitos autorais: Arquivo pessoal/ Jess Bratton

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Ana Nascimento
Social Media e Redatora nos sites O Segredo e O Amor.

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