Para a mãe da bebê, a situação é uma forma de praticar o racismo nas redes sociais.
Uma tendência, um tanto perturbadora nas redes sociais, chocou a mãe da pequena Jayden. Caroline Enterfeldt, que mora na Suécia, é uma mãe comum que gosta de compartilhar a rotina da vida da sua família no Instagram com seus amigos e familiares em seu perfil de Instagram.
Alguma seguidora da bebê, que tem 16 mil pessoas em seu perfil de Instagram, achou que a pequena ficaria “mais bonita” com os olhos bem azuis. O gesto não agradou em nada a mãe da pequena, que entendeu o ato como uma forma de racismo e não aceitação das características naturais da filha.
O problema aconteceu quando a imagem modificada dos olhos da bebê foi viralizada e chegou ao conhecimento de Caroline.
A imagem, segundo o site Hypeness, foi compartilhada primeiramente pela conta @chrysusbitch, onde está registrada até hoje, e foi prontamente viralizada nas redes sociais. A conta tem 280 mil seguidores, onde são compartilhadas imagens editadas de modelos e influencers. Entre as edições, é possível notar que a dona da conta remove marcas de pele ou adiciona sardas às mulheres, incluindo crianças.
Quem levantou a polêmica foi a blogueira Laila Loves, que expressou em sua conta nas redes sociais estar “cansada de ver as pessoas editando fotografias de bebês. Ela é linda com seus olhos castanhos”, escreveu a bloqueira e youtuber inglesa sobre a característica real dos olhos da pequena Jayden. O tweet foi compartilhado mais de 29 mil vezes, devido ao tamanho da repercussão gerada sobre o tratamento de imagem.
Em entrevista ao site BuzzFeed News, a mãe da pequena Jayden disse que em um primeiro momento não deu muita atenção, logo após ter sido marcada na conta que editou a foto de sua filha, mas que sua preocupação aumentou quando reparou que a imagem tinha viralizado. “Fui marcada várias vezes em várias contas. Como isso viralizou e muito rápido, eu estou pensando no por que eles teriam editado a foto da minha filha e com qual propósito”, disse Caroline Enterfeldt.
Colorismo sistêmico
O tweet publicado pela blogueira inglesa, Laila Loves, promoveu um debate extenso em seu perfil sobre colorismo e até sobre fetichização de algumas características em específico, que segundo Loves, seriam mais desejáveis que outras. A prática, até então desconhecida, assustou vários seguidores.
Ao BuzzFeed News, a mãe de Jayden, Caroline Enterfeldt, disse ainda que está muito irritada com a forma que editaram a foto de sua filha: “essa foto está em todos os lugares”, admitiu em entrevista.
Quem editou a foto de Jayden?
A mulher que administra a conta @chrysusbitch foi entrevistada também pelo site da BuzzFeed News, onde se apresentou baixo o pseudônimo “Lafricaine”. Ela não revelou seu nome real por medo das represálias e ataques que tem sofrido desde o compartilhamento da imagem da filha de Caroline Enterfeldt, sem sua permissão.
Para “Lafricaine”, sua intenção era somente de compartilhar fotos de “mulheres com cabelos trançados e cacheados” para valorizar mulheres afrodescendentes. “É um tema que me agrada e sei que agrada também aos meus seguidores”, disse em entrevista.
Sobre a mudança da cor dos olhos da pequena Jayden, ela disse que “não percebeu que a cor dos olhos tinha sido alterada”, mas que após tamanha repercussão, decidiu deletar a foto original. No momento em que esta matéria está sendo escrita (03/11/2022), ambas fotos continuam em seu perfil.
Prática de edição de imagens de crianças é comum na rede
Lafricaine também informou durante entrevista à BuzzFeed News que existem outras contas que também compartilham esse tipo de imagens editadas, principalmente de crianças e bebês. A autora da edição mencionou a conta @dailyshqip que também compartilha edições de foto e promove entre seguidores, uma espécie de “competição” entre imagens. Os seguidores dessa outra conta também se mostraram preocupados com as edições feitas principalmente em crianças e bebês.
As edições feitas nas fotos de crianças e bebês chegaram a várias mães que encontraram fotos de suas filhas na conta de Lafricaine, como foi o caso de Maya, uma bebê que não tem sardas, mas teve sua foto editada sem prévio consentimento.
Para a mãe de Maya, esse tipo de edição “contribui para os problemas de autoestima que atormentam muitas meninas hoje. Existem pessoas reais por trás dessas fotos”, disse Kristina Chaka.
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