A mulher trabalhou como doméstica em sua própria casa.
Ivana Moral (48) recorreu à justiça e processou seu ex-esposo por serviços domésticos não remunerados. A mulher ganhou a ação, recebendo uma indenização de 200 mil euros.
Em moeda real, a bolada é de aproximadamente R$1,1 milhão. O caso da decisão judicial aconteceu na cidade de Vélez-Málaga, Espanha. A condenação por parte do ex-marido foi devido às décadas em que a mulher se dedicou exclusivamente em cuidar das filhas do casal, das tarefas domésticas e da rede de academias dele. Foram casados por 27 anos!
Segundo o site Malagahoy, a mulher afirmou que trabalhava cerca de 10 horas por dia no empreendimento do esposo e não tinha tempo para realizar seus sonhos, além de ter as habilidades como dona de casa sempre diminuídas.
Os luxos do marido
Na argumentação usada por Ivana no processo, ela afirmou que se dedicava ao lar e à família, mas o marido apenas pensava em adquirir bens como carros de luxo e imóveis. Segundo a esposa, que chorava e sofria muito e estava perdendo a sua fé aos poucos, era uma luta contínua dentro de casa.
Enquanto estava casada, seus sonhos não eram apoiados pelo então companheiro, já que o mesmo pensava em investir no seu próprio negócio. A vítima trabalhava para ele sem nunca receber qualquer bonificação.
Ivana também afirma que além de gastar o dinheiro com coisas luxuosas, seu ex-esposo deixava de adquirir itens básicos para suas filhas. Nas palavras dela, vivia na miséria com pés e mãos atados, sempre mendigando algo para ele, além de ser coagida com ameaças de cunho econômico, pois dependia financeiramente do homem.
Apesar da vida difícil que levou ao lado do marido, Ivana Moral afirma que não se arrepende de ter se dedicado no cuidado com as filhas, pois, caso contrário, as meninas teriam passado muitas dificuldades ao lado do pai que sempre foi ausente na criação.
Depressão e violência psicológica
A mulher contou ainda que passou por repetidos episódios de violência psicológica, os quais a levaram a sofrer depressão. Em uma ocasião, o homem a isolou em uma fazenda em Alhama de Granada. Além de sempre deixá-la longe da sua família de forma que ninguém pudesse tirá-la dessa situação, ela não conseguia se livrar do marido e era como um cão-guia que estava sempre um passo atrás dele.
Vida nova!
Após anos de pesadelo ao lado deste homem, a justiça determinou a indenização com aplicação de um salário mínimo interprofissional para cada ano desde 1996. Além da pensão que o ex deverá pagar para suas filhas, que apoiam integralmente a atitude da mãe em recorrer à justiça.
A advogada de Ivana ressalta que as condições em que sua cliente vivia foram confirmadas, provando que a mulher estava casada em regime de separação de bens, dedicando-se integralmente aos interesses do esposo desde que se casou, o que contribuiu para a vitória no tribunal. Com a decisão, Ivana está feliz e satisfeita.
Justiça argentina determina que ex pague indenização à ex-mulher
Na Argentina, um caso semelhante também ocorreu: uma idosa de 70 anos recebeu em torno de oito milhões de pesos, o que corresponde a R$650 mil do ex-marido, pois se dedicou quase 30 anos de sua vida exclusivamente cuidando dos filhos e das tarefas domésticas.
Conforme o site G1, quando a mulher completou 60 anos, o marido a abandonou após 27 anos de relacionamento. A separação ocorreu em 2009 e o divórcio em 2011. Desde a separação, a mulher sofria com grandes dificuldades econômicas, enquanto o ex-marido estava financeiramente bem.
A juíza responsável pelo caso, Victoria Famá, ao pronunciar a sentença deixou claro a injustiça que a idosa estava passando, e determinou um valor razoável a fim de reequilibrar a situação financeira de ambos. Ainda argumentou que pela idade avançada da mulher, dificilmente a idosa teria condições para iniciar uma carreira nessa idade, fator determinante para a sentença atribuída.
No solo argentino, a pena por compensação econômica foi introduzida no Código Civil de 2015, e estabelece que a sentença seja paga em dinheiro ou bens, dependendo do acordo entre as partes envolvidas.