O que eu tenho de mais confiável é meu riso, nada o tira do sério. O riso é meu melhor hóspede, aquele que diverte todo mundo e depois faz um espetáculo mudo, só pra mim, preenchendo assim, a minha solidão.

Ele mora no meu coração desde sempre, irreverente, sem freio, criei esse menino sem um pingo de educação, como uma mãe que tudo perdoa naquele filho palhaço, incapaz de dizer não à urgência de felicidade nos momentos.

Que esse meu riso irreverente possa aliviar a dor: a minha, a sua, a nossa, mesmo que por segundos, porque a vida nada mais é do que uma breve pausa entre dois mundos, o da plena euforia e o do fundo do poço, seu moço.

Falando nisso, aconteceu uma coisa engraçada: ontem na casa da vizinha tinha muita gargalhada. Pensei em pedir uma emprestado e devolver só depois, dentro de um pote lacrado, quando eu já tivesse saciado o meu apetite de riso, e assim, de improviso, ela voltaria ainda mais forte, já acrescida do bem que me fez.

Gargalhada devia ser sempre a bola da vez e ser dada de graça nos bazares de caridade, em qualquer cidade ou país, com o objetivo simples de ajudar alguém a ser feliz.

Sorriso pode até ser fingido, um riso curto talvez, mas gargalhada vem de dentro, daquela energia interna que se chama vida!

Gargalhada cura início e indício de tristeza, suaviza toda aspereza de qualquer momento de dor, gargalhada é cor, é alegria pura, cristalina, como surpresa inesperada na esquina, aquele encontro com o amor da nossa vida, mesmo que depois a gente descubra que o amor da nossa vida somos nós.

Gargalhada devia vir embalada para presente, mas sem nós, porque ia fazer bem pra muita gente, era só chegar na loja e pedir: quero muitas com som musical ou então: quero cinco bem escandalosas, rosas, pra alegrar corações.

Gargalhada faz tão bem que contagia e toda gente quando ri se entrega, não consegue nem pensar e pensar pra que, se o que importa nessa vida é sentir?

Dar gargalhada é se divertir e ainda melhor é quando não se para de rir e aparece uma dor nas bochechas e outra na barriga. São dores gostosas!

Se algum dia eu for levantar uma bandeira será a do riso, aquele que traz junto consigo dois amigos: o alívio e a alegria.

Vamos descobrir aquilo que nos faz ou cai bem, vamos conversar, relembrar ou esperançar, vamos gozar cada momento, enquanto há tempo.

Ontem na casa da vizinha tinha muita gargalhada. Pensei em pedir uma emprestado. Quem sabe da próxima vez?

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Direitos autorais da imagem de capa: Allef Vinicius on Unsplash

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Dalia Hewia
Sou Dalia Hewia, escritora por vocação e amor, uma pessoa que gosta de alegria, de risadas, de viver bons momentos, sou intensa, sou feliz! Acredito em milagres e já vivenciei muitos. O impossível, para mim, é apenas uma crença equivocada. Escrevi quatro livros. Gosto de brincar com as palavras e somos tão íntimas que as vezes consigo transformá-las em bonitas, úteis ou divertidas para quem as lê. Sou como um rio, estou sempre fluindo, estou sempre mudando. Busco incansavelmente a causa, a consequência, a essência. Estou em busca de você!

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