Os jovens que ainda usam máscara por vergonha de mostrar o rosto: 'Sou feio, mãe'

Alguns jovens enxergam nas máscaras uma maneira de esconder quem são.

As máscaras se tornaram um item comum no dia de pessoas de todo o mundo com a chegada da pandemia de Covid-19, em 2020. Os itens, que antes eram usados apenas em ocasiões especiais, passaram a ser um acessório indispensável para ajudar a preservar a saúde. No entanto, alguns jovens desenvolveram uma relação um pouco mais séria com as máscaras.

A BBC entrevistou alguns jovens de diferentes idades que, ainda que não haja mais tanta necessidade no momento, seguem usando as máscaras todos os dias, mas não necessariamente como um equipamento de proteção, mas sim como uma maneira de esconder o próprio rosto.

Uma dessas jovens, conforme contado na matéria da BBC, começou a usar máscara aos 10 anos por conta da pandemia, para ajudar a impedir a disseminação do vírus. No entanto, quase 3 anos depois, a máscara se tornou uma ferramenta para ajudar com as suas inseguranças na vida em sociedade.

A irmã da jovem relatou que durante um passeio da família à praia, a adolescente continuou usando a máscara, inclusive na hora de entrar do mar. No entanto, ela não é a única a viver em uma “dependência” do item.

Na realidade, nas redes sociais é muito fácil encontrar jovens dizendo que sentem dificuldade em abandonar o uso da máscara, porque sentem vergonha de mostrar o próprio rosto. Na escola, eles são os únicos estudantes usando a proteção, e inclusive são motivos de piadas por conta disso.

No entanto, para eles esse bullying ainda é melhor do que ter que entrar em interações sociais ou mostrar sua aparência.

As máscaras são para os jovens de hoje ou que as roupas largas e os cabelos sobre o rosto foram para as outras gerações: uma maneira de tentar lidar com as inseguranças da própria imagem.

E não são apenas os anônimos que convivem com essa realidade. A cantora Billie Eilish, que faz muito sucesso entre os jovens, também já revelou que aos 17 anos preferia usar roupas largas para que a imprensa e os próprios fãs não a sexualizassem por conta de seus seios grandes.

O psicólogo e doutor em educação Alessandro Marimpietri disse à BBC que a pandemia aumentou os problemas de imagem corporal dos jovens, e pontuou os pontos negativos de fazer da máscara um auxílio para se esconder da vida em sociedade.

Segundo ele, quando um jovem esconde parte do rosto através de máscara por muito tempo, também deixa de mostrar as expressões faciais, que são fundamentais para estabelecer um relacionamento social saudável.

Uma professora da rede pública de São Paulo, Simone Machado, contou ao portal de notícias que sente essa dificuldade de interação com os alunos que seguem usando as máscaras todos os dias.

Segundo Simone, os professores são capazes de ver as expressões de dúvidas feitas pelos alunos durante as explicações, o que os ajuda a conduzir melhor o ensino, mas no caso daqueles que “se escondem”, as consequências são negativas.

Como a família pode lidar com isso

A necessidade de esconder o rosto também pode vir acompanhada de outros sintomas, como ficar mais tempo no computador do que “no mundo real”, e se isolar da família. Para alguns pais, pode ser fácil pensar que se trata apenas de uma fase, mas a realidade é que a situação pode ser mais profunda do que isso.

Nesse sentido, Marimpietri explica que “não há receita de bolo”, e que é preciso ser capaz de entender e se comunicar com os jovens através das palavras, compreendendo o que guia suas atitudes e pensar em como lidar com esse sentimento.

E na escola?

Simone Machado, acredita que pode ser muito útil não falar diretamente sobre o uso insistente da máscara, mas tentar incentivar o aluno a socializar através de algumas atividades diferentes, como trabalhos em grupo e fora da sala de aula.

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Luiza Fletcher
Redatora do site O Amor, onde sua missão é promover a reflexão e ajudar a aproximar as pessoas do amor verdadeiro, em todas as suas formas. Também escreve para o site O Segredo, um dos maiores portais do Brasil sobre desenvolvimento pessoal. Sua missão é buscar assuntos que nos inspirem a ser uma versão melhor de nós mesmos.

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