O termo “Singlismo” significa um preconceito por mulheres e homens que escolheram ficar solteiras, invés de engatarem em relacionamentos, o que faz com que sejam estigmatizados por suas escolhas.
De acordo com o Jornal Correio Braziliense, apesar do termo existir desde 2005, a nova modalidade de estereótipo está ganhando recentemente notoriedade em nossa sociedade. A expressão foi criada pelas psicólogas americanas Bella de Paulo e Wendy Morris, que decidiram estudar um fenômeno cada dia mais comum, na qual pessoas preferem ficar solteiras, e por isso, acabam sendo discriminadas por não quererem mudar seu estado civil.
Para tentar entender o porquê das pessoas se incomodarem tanto a respeito das escolhas dos solteiros, as psicólogas começaram a analisar os perfis classificados como solteiros na atualidade, ou seja, aquelas consideradas solitárias, tímidas, infelizes, inseguras e inflexíveis. Elas também perceberam que com o passar dos anos, especialmente depois dos 30 anos, a pressão imposta pela sociedade aumenta consideravelmente, e em relação às mulheres a pressão é ainda maior.
Ao chegar na “casa dos 40 anos”, o singlismo é observado com mais clareza, quando a mulher é rotulada como “solteirona”, “encalhada” ou mesmo considerada que “ficou pra titia”, além das desconfianças de qual seria sua verdadeira opção sexual. Já em relação aos homens, percebe-se que o estigma é feito de forma descontraída, pois são retratados como alguém mais maduro e charmoso, que só está curtindo o momento e que logo deve se casar.
De acordo com a psicóloga e sexóloga Cynthia Dias Pinto Coelho, em entrevista ao Brasiliense, ela afirma que não é com todas as pessoas que acontece a conexão mágica do amor, e que nem todo mundo está disposto a cumprir as regras que um casamento convencional impõe. A especialista ainda afirma que quando se trata do sexo feminino, a pressão é muito alta para as mulheres que decidiram não namorar, casar ou ter um relacionamento estável. Além disso, elas também são estigmatizadas de solitárias, mal resolvidas, mal-amadas ou que só pensam em sua vida profissional.
Não é só sobre relacionamentos amorosos
De acordo com Bella De Paulo e Wendy Morris, o fenômeno não recai apenas no campo do amor, mas também é apontado em outros aspectos da vida do solteiro. Na vida financeira e no futuro de carreira, por exemplo, os solteiros são classificados como desajustados, são “coitadinhos” que não alcançaram ainda a felicidade plena e por isso precisam pagar pela pressão imposta à eles.
Geralmente quem pratica o Singlismo, vende para o solteiro os benefícios que só quem é casado ou tem filhos pode ter. Ainda segundo as psicólogas, no trabalho, é recorrente solicitar para quem é solteiro fazer horas extras na empresa, favorecendo quem “tem família”, no entanto, acabam esquecendo que como qualquer outro funcionário, eles também precisam do seu merecido descanso.
Até na hora de comprovar a renda os solteiros tem mais dificuldades, pois não tem os gastos de família para abater no imposto de renda, até mesmo na hora que contratar um seguro de vida ou do carro, acabam pagando mais caro. Além disso, o custo de vida de uma pessoa solteira ser mais alto.
Outro ponto apontado pelas especialistas é que os homens solteiros são estigmatizados como cafajestes, irresponsáveis, infantis, descompromissados, incapazes de cuidarem de si próprios ou mesmo “só pensam em sexo”.
Ainda de acordo com a psicóloga Cynthia Dias, há uma variação linguística dentro do Singlismo em relação aos gêneros. Na cultura popular, quando se trata de uma mulher solteira, ela é rotulada como a que “ficou pra titia”, que remete sua incompetência em conseguir arranjar um esposo, e seu estado civil entra em um estado de inércia. Já quando se trata de um homem solteiro, ele acaba sendo classificado como solteirão, sugerindo que seu estado civil continua ativo e que é por livre espontânea vontade. Cynthia finaliza que essa sutileza de expressões do Singlismo, revela o quão enraizada está o preconceito com quem escolhe ser solteiro ou solteira.