Nós levamos um tempo até nos darmos conta; no fundo, vivemos por tentativas de querer viver aquilo por mais tempo.

Abraçamos a menor das esperanças com a força que jamais imaginaríamos ter.

Até aceitarmos os fatos da vida, vivemos pelas migalhas que ela nos dá. Não é sobre viver pelas pequenas coisas, é sobre viver pelas coisas pequenas, que são coisas não tão iguais assim.

“Olhe pra mim…”

Isso significa que a surpresa de um inexpressivo “oi, tudo bem?” no chat do Facebook renovava todas as minhas energias. Parece que todas as partes ruins da história se tornam boas, quando coisas assim acontecem. Em momentos como esse, ignoramos toda e qualquer pessoa que nos chamar; se for uma nova proposta de emprego, ela bem que pode esperar; quem gostamos, não. Queremos estender aquele segundo até torná-lo eterno. Cavamos assuntos como se quiséssemos dizer: “Olhe pra mim, eu sou interessante, nós nos damos tão bem, não desista do que somos, se é que somos! Deixe-nos ser!”

Era mais ou menos assim que eu me comportava, em silêncio, com você. Eu lhe mandava links de vídeos imaginando que poderia gostar, marcava você em fotos engraçadas e, rezando por sua atenção, comentava sobre as estreias do cinema. Eu assistia aos seriados de que você dizia gostar. Eu pararia o mundo, se me pedisse para parar.

Hoje me pergunto se algum dia você percebeu como tentei fazer você especial na minha vida.

Eu me pergunto se consegui lhe mostrar como queria muito mais que a sua companhia. E, quando penso nisso, fico feliz, é que eu sinto que fiz tudo o que podia, ainda que não tenha dado certo no fim, como eu gostaria. É que uma coisa é dar certo; outra é dar certo, como gostaríamos.

Você não faz ideia de como eu me multiplicava em mil para estar à sua disposição. “Quer fazer alguma coisa?” era o tipo de pergunta que me fazia dirigir a 200 km por hora para encontrar você, pois eu não queria perder nem um segundo, queria ver você logo, queria tão logo me ver nos seus olhos e sentir aquela coisa boa que eu sentia. Você não faz ideia da quantidade de batidas que o meu coração dava quando nós nos se encontrávamos – era a minha batida perfeita.

O celular gritava com diversas notificações, mas para mim nada importava. Eu demorava para escolher uma roupa boa para acompanhar você. Demorava para me arrumar e ficava preocupado em você se cansar de me esperar. Demorava tanto em me preparar porque eu queria que tudo fosse o mais perfeito, já que eu não sabia quando nos veríamos outra vez. Demorei tanto dedicando tempo para você que hoje entendo a demora que levei para começar a esquecer você. Eu nunca fui de viver as coisas no meio-termo, mergulho de cabeça até nas notificações de mensagens lidas e não respondidas. Consciente dos lados bons e ruins, sou e sempre serei assim: profundamente coração.

Só que hoje eu quero ver você partir. Hoje é a última vez que eu me permito reviver coisas que nem chegamos a viver direito.

Quero que hoje seja a última vez que eu vou dedicar parte da minha vida em pensar na parte dela em que você estava. Levei um tempo para aceitar a sua partida, mas agora eu não imagino mais nem a sua visita. O assunto central aqui é a minha certeza de que o melhor lugar para você estar na minha vida é fora dela. Já aceitei minhas tentativas, valorizei minhas investidas e continuo apaixonado pelas minhas esperanças, mas cada umas dessas coisas eu não quero mais dedicar para você.

Não lhe desejo mal, só não desejo mais você. Vou seguir vivendo como vivia antes de você aparecer, afinal, antes de você eu já sorria. Vou seguir ansioso por bons dias, empolgado com as pequenas coisas, mas sabendo diferenciá-las das coisas pequenas. É isso. Você já pode ir; eu também vou.

Não quero falar sobre a nossa parte boa, pois o que me importa agora é a parte boa da vida que eu nem vivi ainda.

 

Direitos autorais da imagem de capa licenciada para o site O Amor: 123RF Imagens.

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Márcio Rodrigues
Paulistano de 28 anos, gosto mesmo é das pequenas coisas e de como as pessoas lidam com elas. E aí que resolvi escrever sobre os sentimentos das pessoas. Sobre a saudade, sobre a “mensagem visualizada”, sobre o “será que corro atrás?”, sobre o “você gosta mais de mim do que eu de você” e outras coisas.

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