Lá no começo, antes da gente ser a gente, eu não reparava muito em você.

Tudo bem, até que eu te achava alguém bacana, mas meu interesse acabava aí. Eu nem tinha a intenção de te ver de outra maneira – assim como qualquer pessoa que não espera outra pessoa entrar na vida.

Lembra que eu te motivei a correr atrás daquela garota? Você parecia empolgado e, pelo pouco que eu te conhecia, eu me sentia no dever de falar que você deveria, sim, ir atrás dela antes de se arrepender. Até por que eu, no seu lugar, faria isso.

Mas você não foi. Você preferiu ficar. E foi ficando outros dias também.

E aqui você está na minha vida até hoje. Em pensar que nesse momento era outra boca que você estaria beijando no lugar da minha. Olha essa vida como é.

Acho que no fundo a gente não era pra ser a gente não.

Explico: foram tantas dificuldades e forças contra nós dois, que passou pela minha cabeça estar insistindo em algo que não deveria acontecer.

O que eu não esperava, porém, é que nasceria algo em mim e em você que fizesse a gente ser a gente, de um jeito ou de outro. Seja você, aos poucos, se importando comigo e abrindo mão das suas coisas pelas minhas; seja eu me deixando levar e permitindo você destrancar o meu coração que eu já tinha até perdido as chaves.

Teve gente que quis que a gente se desse mal, sim. Desse jeito, com essas letras. Teve gente que, apesar de não torcer contra, também não facilitou a favor. Teve gente que criou problemas. Teve de tudo e toda gente, mas teve muito da gente e continua “tendo”. Hoje, alguns anos depois, nós somos além do que já imaginamos. Hoje eu me lembro das vezes que você chorou ao ver nossos planos irem por água abaixo, por motivos fora do nosso controle e penso que ”só não era aquela outra, mas será outra”.

Se a gente contar ninguém acredita, porque eu mesmo não acreditava na gente no começo.

Muito além dos clichês sobre começos inesperados, eu praticamente empurrei você para outra pessoa, mas você acabou voltando para mim. Acho que era a vida dando um sinal que toda a minha segurança se tornaria pó perto do peso que o coração tem nessas horas.

Lá no começo, antes da gente ser a gente, eu não reparava muito em você. Hoje que a gente é a gente, eu não reparo em ninguém além de você.

 

Direitos autorais da imagem de capa: Emre Kuzu/Pexels.

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Márcio Rodrigues
Paulistano de 28 anos, gosto mesmo é das pequenas coisas e de como as pessoas lidam com elas. E aí que resolvi escrever sobre os sentimentos das pessoas. Sobre a saudade, sobre a “mensagem visualizada”, sobre o “será que corro atrás?”, sobre o “você gosta mais de mim do que eu de você” e outras coisas.

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