Domitila Becker relatou o momento de muita tensão que viveu recentemente no Catar. Confira!
A Copa do Mundo do Catar foi um dos eventos mais aguardados pelos apaixonados por futebol nos últimos anos. A possibilidade de assistir as seleções de seus países jogando ao vivo, em um lugar conhecido pelo luxo, levou milhares de pessoas a investirem em uma viagem até o país.
No entanto, mesmo em meio ao clima positivo trazido pela competição, nem tudo são flores. Nos últimos dias, também tem sido evidenciado o modo de vida no Catar, que em muito diferente do nosso, especialmente em relação às restrições.
O país não permite manifestações LGBTQIA+, demonstração de afeto em público (independentemente da orientação sexual), o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios, entre outros.
Além disso, as mulheres que vivem na região também podem enfrentar situações perturbadoras. Domitila Becker, ex-jornalista da Globo, fez uma publicação em seu Instagram contando sobre momentos desesperadores que passou enquanto realizava uma cobertura no país.
Segundo o Terra, a jornalista estava cobrindo a partida que garantiu a classificação dos Estados Unidos para as oitavas de final da Copa do Mundo, após a por 1 a 0 sobre o Irã, no Estádio Al Thumama. Domitila estava na torcida do Irã e revelou que viveu momentos de muito medo, onde sofreu perseguição.
Na legenda do vídeo em que postou no Instagram, Domitila escreveu: “Que noite desesperadora. Não podemos misturar futebol com política“, eles dizem. “Fala isso na cara de uma mulher que não consegue parar de tremer depois de ter sido cercada e agredida por um bando de torcedores. Fala isso para um pai que não pode segurar as lágrimas ao explicar como os filhos de 6 e 9 anos foram ameaçados dentro de um estádio. Fala, se você conseguir achar uma torcedora iraniana que não está com medo de ser morta”.
Ela começou a sua publicação explicando que estava na torcida do Irã porque estava entrevistando as mulheres do país. No entanto, a tentativa de produzir um conteúdo diferenciado acabou fazendo com que se tornasse vítima de perseguição.
Além disso, segundo ela, a maioria das pessoas com quem ela tentava contato, tinham medo de se pronunciar.
“Eu entrei na torcida para entrevistar as mulheres, para ver como as iranianas torciam, como estava a situação no Irã. E aí, as pessoas na torcida começaram a me perseguir”. A jornalista relatou que as pessoas que estavam na torcida começaram a tirar foto dela, das pessoas com quem ela conversava, e até mesmo do seu crachá.
As mulheres da torcida, como consequência, se recusavam a falar com ela. A situação foi desagradável, e fez com que Domitila sentisse medo pelas mulheres do país. “medo real pelas mulheres que estão protestando pela vida e pela família delas”, declarou a jornalista.
Em uma conversa com torcedores e um casal do Irã, ela descobriu que grande parte dos iranianos que estão no Catar são pessoas enviadas pelo governo, para fiscalizar o que está sendo dito.
Segundo ela, alguns torcedores fazem barulho com as “fuvuzelas“, para impossibilitar conversas ou manifestação política que não se adeque a que eles acreditam, durante as partidas.
Durante a experiência perturbadora, Domitila ainda registrou relatos de roubos, a agressão a mulher, um casal agredindo crianças, além de relatos de mais ataques.
Veja abaixo o vídeo publicado pela jornalista no Instagram:
Algumas seleções participantes da Copa do Mundo tentaram manifestar apoio à causa LGBTQIA+ no Catar, como por exemplo através das braçadeiras “One Love”. No entanto, acabaram desistindo da iniciativa após a Fifa anunciar punições para possíveis manifestações políticas.
Segundo informações do GE, a entidade anunciou uma campanha em parceria com a ONU que prevê a exibição de mensagens humanitárias nas faixas usadas pelos capitães das 32 seleções que disputam a Copa. No entanto, a ação foi vista por muitos como uma maneira encontrada pela Fifa para tentar sufocar a campanha One Love.