Há alguns anos, as irmãs decidiram morar em uma casa móvel, em um parque de trailers, na Flórida, e reforçam que vieram ao mundo juntas e vão partir juntas.
Você já sentiu profunda conexão com outra pessoa, como se pudesse sentir exatamente o que ela sente? Aquele tipo de interação que vemos apenas em filmes ou que ouvimos falar, mas que temos plena certeza de que existe. Talvez porque, no fundo, queremos ter a esperança de que esse tipo de amor é verdadeiro ou porque sabem que em algum momento vamos experienciar essa forma de sentir.
Pode ser um amor que nutrimos por um amigo, por um familiar, para Norma e Edy, o sentimento nasceu desde que partilharam o ventre da mãe. Nascidas em 1921, Norma Matthews e Edith Antoncecchi, ou Edy, para os conhecidos, elas completaram 100 anos em dezembro de 2021. Segundo reportagem do Tampa Bay Times, as gêmeas idênticas moram juntas em uma casa móvel, e vivem de maneira independente, considerando-se ocupadas demais para ficar sentadas assistindo à televisão.
Filhas de imigrantes italianos, elas contam que os pais estavam dançando ao som de uma vitrola quando o trabalho de parto começou. Edy nasceu antes que o médico pudesse chegar ao local, mas ele garantiu que estaria ali para a segunda menina. As irmãs cresceram dividindo uma cama de latão. Norma era artista e Edy gostava de tocar piano; Norma era sempre extravagante e ativa, característica que ainda a acompanha, enquanto Edy sempre se manteve mais reservada.
As brigas são inerentes à convivência, e Edy explica que ao colocar uma moeda no bolso, ela não faz barulho. Mas quando colocamos duas, elas tilintam. Explicando justamente esses embates ao longo dos anos — e quantos anos! Os familiares insistem que elas eram extremamente lindas, mas elas afirmam que acabaram ofuscadas por uma amiga da família que se parecia com a atriz Rita Hayworth.
Direitos autorais: Reprodução/ Arquivo pessoal.
Sempre unidas, os acontecimentos ao longo da vida das irmãs também seguiram ordens parecidas. Elas se casaram no mesmo ano — Norma com Charles e Edy com Chick — e chegaram a planejar uma cerimônia conjunta, mas uma delas estava se casando com um protestante, o que dificultou as coisas.
Edy chamou Norma para ser sua dama de honra, e acabou se casando no Dia dos Namorados dos Estados Unidos. E quando chegou a vez de Norma, a irmã teve apendicite, sobrando para “Rita Hayworth” salvar a situação. Elas sempre moraram perto, e mesmo que em cidades diferentes, optaram por nunca serem muito distantes, com visitas constantes.
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Norma virou cabeleireira e Edy enfermeira. Experienciando fenômenos considerados “sinistros”, explicam que uma sentia quando a outra estava doente e sempre que uma pensava em ligar para a outra, o telefone tocava instantaneamente. Também tiveram os primogênitos no mesmo ano e perderam um dos filhos depois.
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Depois de 51 anos de casamento, ficaram viúvas; os maridos morreram no mesmo ano, com apenas alguns meses de diferença. Charles partiu por conta do Alzheimer e Chick num acidente de carro. Essas perdas despertaram nelas o desejo de se mudarem para a Flórida juntas. Primeiro passaram a morar no mesmo parque de trailers e, posteriormente, a dividir a mesma casa móvel.
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As duas acreditam que os segredos da longevidade sejam a fé em Jesus, ao trabalho que têm de ganhar almas e ter uma à outra. Norma e Edy fazem questão de enfatizar que não poderiam ficar longe uma da outra e que nasceram juntas, portanto, pretendem partir juntas.
Para elas, o amor pode ser considerado a coisa mais importante, mas para Norma deve ser o perdão, embora seja também o mais difícil. Mesmo assim, a dupla acredita na importância do perdão para que determinados assuntos não “comam sua alma”, e desejam que todas as pessoas saibam disso.