Eunice Barreiros, mãe de Pétala Barreiros, peoa de “A Fazenda 2022” (Record TV), comentou sobre a mudança no tom de voz da filha durante as discussões na casa.
“A Yanka (irmã) e a Pétala, elas têm um problema com a voz”, explicou durante o Link Podcast, que Yanka também participou. “Tem várias pessoas com o mesmo problema.”
De acordo com elas, a culpa disso seria uma reposição hormonal que foi feita quando elas tinham por volta dos 18 anos. Neste momento, o médico colocou o chip da beleza, que tem testosterona em sua composição.
“Por isso nossa voz é muito parecida. Antes já era, a gente colocou o chip, ele ‘tacou’ testosterona em mim e nela, e mudou o formato [da garganta]. E não tem o que fazer, ela é chata mesmo”, falou Yanka, irmã da peoa.
“Elas não conseguem falar alto. É por isso que ela muda a voz quando ela quer falar alto. Para ela ser ouvida, ela fala grosso”, explicou, então, Eunice.
Embora o chip da beleza (entenda mais abaixo) seja capaz de mexer no tom da voz, o formato da garganta, conforme dito por Yanka, não pode ser alterado por causa do implante hormonal.
“Não tem nenhum fundamento médico ou científico”, diz Jamal Azzam, médico otorrinolaringologista e membro titular da Aborl-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial).
“O que acontece é uma questão de desenvolvimento das cordas vocais, que são sensíveis sim aos hormônios, mas não da forma que foi citado. A testosterona leva a alterações de funcionamento das cordas vocais, gerando tons mais graves”, fala.
Entenda o chip da beleza
Embora chamado de “chip”, na verdade, ele é um tubinho de silicone de cerca de 3 cm inserido no subcutâneo (gordura abaixo da pele) que libera diariamente hormônios no sangue.
Esse implante hormonal é geralmente divulgado com um pacote sedutor de benefícios: perder gordura corporal, aumentar a libido, definir a musculatura, disfarçar celulites, interromper a menstruação, entre outras vantagens.
De acordo com Fernanda Victor, médica endocrinologista e colunista de VivaBem, o principal composto desses “chips” é a gestrinona, um hormônio sintético derivado da 19-nortestosterona que apresenta efeito androgênico e com potencial de aumentar os níveis de testosterona (hormônio masculino) no corpo da mulher.
Em virtude dessa ação, a gestrinona é reconhecida internacionalmente como anabolizante e encontra-se na lista de substâncias proibidas no esporte pela Wada (da sigla em inglês Agência Mundial Anti-Doping), embora ainda não conste na lista atualizada (C5) da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“A grande questão é que o uso (e abuso!) dessa substância, isoladamente ou em associação a outros hormônios, não está isento de riscos, que nem sempre são esclarecidos ao paciente”, alerta a médica.
Riscos à saúde
Entre os efeitos adversos, a lista é longa: acne, queda de cabelos e calvície, voz grossa, abcessos, um clitóris aumentado em até quatro vezes, infertilidade, alterações preocupantes nas glândulas mamárias, doença cardiovascular e danos ao fígado que podem levar à morte.
“Até o momento, não há estudos robustos que comprovem a segurança e eficácia dessas medicações a longo prazo. Além disso, não há padronização nas formulações, já que são apresentações customizadas sob a forma de manipulados, o que dificulta determinar a dose ideal para cada pessoa, bem como aumenta o risco de superdosagem”, explica Victor.
A especialista ressalta também que qualquer terapia envolvendo hormônios requer uma avaliação criteriosa e individualizada, levando em consideração a condição de saúde e as características de cada paciente. Portanto, um adequado acompanhamento médico especializado é fundamental.