O ator Antônio Pompêo, que interpretou Dominguinhos em “O Rei do Gado”, morreu deprimido pela falta de oportunidade no mercado artístico.
A novela “O Rei do Gado”, uma das mais renomadas da Globo, tem encantado novamente o público com sua história ao ser reprisada no “Vale a Pena Ver de Novo”. Na trama, porém, há alguns atores que já faleceram, como Antônio Pompêo, que estava deprimido devido à falta de oportunidades de trabalho.
Na trama, porém, Antônio Pompêo era o sem-terra Dominguinhos, que integrou o núcleo de Regino, líder de um movimento da categoria. Além disso, seu personagem também contracenou com Jacira (Ana Beatriz Nogueira), Lupércio (Adhenor de Souza), Formiga (Cosme dos Santos), bem como com a protagonista Luana (Patrícia Pillar).
Mesmo após tantos anos da novela, o ator é lembrado com muito carinho pelo público, especialmente por não ter recebido todo o reconhecimento que tanto merecia. Antônio Pompêo faleceu em sua própria casa em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 5 de janeiro de 2016, após um infarto fulminante. O ator tinha 62 anos e estava longe da telinha desde 2012, quando participou do elenco de “Balacobaco”, na Record TV.
Direitos autorais: Reprodução / CEDOC Globo
Na época, a atriz Zezé Motta fez uma publicação tocante em seu Facebook, onde dizia: “Pompêo foi um grande ator mal aproveitado. Não teve o grande reconhecimento que merecia e acho que morreu de tristeza. Tínhamos uma relação que não tinha nome. Eu era namorada, mãe, madrinha, tudo ao mesmo tempo. Pompêo foi um grande amigo, companheiro, irmão… Meu amigo estava recluso, deprimido com a falta de oportunidades de trabalho”.
Longe do trabalho como ator por 4 anos, segundo Zezé Motta, Antônio estava completamente abalado e triste pela falta de trabalho. Apesar do que aconteceu, o artista se tornou uma grande inspiração para outras pessoas, especialmente jovens e adultos negros. Isso porque Pompêo havia presidido o Centro de Informação e Documentação do Artista Negro, fundado por Zezé Motta em 1984.
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Além disso, Antônio e Zezé haviam criados e participado de outros projetos juntos, onde eram ativistas dos direitos dos negros. Um dos movimentos que eles ergueram a bandeira foi A Cor da Cultura, um projeto educativo de lei que valoriza a cultura afro-brasileira, bem como é uma das grandes conquistas dos movimentos negros do país.
Antônio Pompêo
Durante toda a vida, Antônio Pompêo foi um amante de música, arte e cinema. O ator iniciou sua carreira na minissérie “A Moreninha”, em 1975, que lhe rendeu um contrato com a Globo. Já no ano seguinte, estreou no filme “Xica da Silva”, e aos poucos foi ganhando notoriedade no mundo artístico. Ao todo, o artista atuou em mais de 30 trabalhos no cinema e na televisão.
O ator fez atuações em “Tenda dos Milagres” (1985), “Lampião e Maria Bonita” (1982), “Nunca Fomos Tão Felizes” (1984), “Mulheres de Areia” (1993), “A Viagem” (1994), “O Xangô de Baker Street” (2001), “Quase Dois Irmãos” (2004), “A Casa das Sete Mulheres” (2003) e “Rebelde” (2011). Além disso, Antônio também foi Diretor de Promoção, Estudos, Pesquisas e Divulgação da Cultura Afro-Brasileira da Fundação Palmares, ligada ao Ministério da Cultura.
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Em nota, inclusive, o Ministério da Cultura lamentou a morte do artista: “É com grande pesar que o Ministério da Cultura recebe a notícia da morte do ator e artista plástico Antônio Pompêo, um grande talento e também ativista cultural (…) Foi também um dos idealizadores, em 2004, do Projeto A Cor da Cultura, que se converteu em material de apoio pedagógico em todo o território nacional para a formação de docentes e estudantes em História e Cultura afro-brasileiras“, dizia a nota.