Elenco da série sobre tragédia da Boate Kiss passou por acompanhamento durante gravações. Confira alguns depoimentos.
“Todo Dia a Mesma Noite”, a produção que contra sobre à tragédia que matou 242 pessoas na Boate Kiss, em Santa Maria (RS) no dia 27 de janeiro de 2013, estreia na Netflix no próximo dia 25, e carrega consigo uma carga emocional muito grande, tanto para as famílias das vítimas quanto para os profissionais envolvidos na série.
Julia Rezende, diretora-geral da produção e o roteirista Gustavo Lipsztein, falaram sobre o processo de gravação da série ao Splash. Julia disse que acredita ser um privilégio as famílias entregarem a sua memória afetiva para a produção da série, e por isso tem o objtivo de juntar todas as informações para contar a história da tragédia de maneira respeitosa e digna.
Daniela Arbex, que fez as pesquisas sobre o caso e escreveu o livro que se tornou série falou que as descobertas foram difícieis, mas que ela não é a vítima da situação, mas sim uma narradora privilegiada em poder contar a história.
A equipe reuniu um elenco que pudesse contar a história de maneira como foi planejado, Cose concentrando não no incêndio propriamente dito, mas sim nas pessoas que perderam as suas vidas, ou experimentaram uma grande mudança de realidade após aquele dia.
Direitos autorais: Divulgação/Netflix
Gustavo explicou que as vítimas não são números, são jovens que foram a uma festa, algo muito corriqueiro. Eles tinham desejos para aquela noite, e a intenção da produção foi mostrar esse lado humano da tragédia, para em seguida contar a história das famílias e sua luta para conseguirem Justiça.
Além de roteiro e locações para a gravação, o processo de gravação da série também contou com outro ponto muito importante: preparar emocionalmente a equipe para um trabalho tão difícil.
Julia contou que foram necessárias praticamente três semanas para gravar as sequências, e que cada passo foi muito bem planejado.
Entre alguns dos profissionais essenciais na equipe foram psicólogos, para preparar e cuidar da saúde emocional dos atores. Julia Rezende explicou que antes das gravações começarem, a equipe se encontrou com duas psicólogas do Instituto Entrelaços, do Rio de Janeiro, que trabalha especificamente com o luto.
As profissionais falaram não apenas com o elenco, mas todos os profissionais envolvidos na série. Durante uma conversa virtual, cada uma das 100 pessoas teve o seu momento para falar sobre os pesos emocionais que o caso da Boate Kiss despertava em si mesma.
Durante o diálogo, as psicólogas foram compreendendo as angústias e oferecendo ferramentas através das quais todos podiam lidar melhor com o seu emocional. A ajuda das profissionais também fortaleceu a equipe de uma maneira geral, os unindo e promovendo um apoio mútuo durante as gravações.
Direitos autorais: Divulgação/Netflix
Para os atores que interpretaram os personagens da série, aconteceram dias difíceis, pois se trata de uma obra inspirada em uma das maiores tragédias do país, que destruiu família.
Thelmo Fernandes, que vive Pedro, um dos pais mostrados na série, o momento mais pesado foi quando tiveram que fazer as gravações do ginásio, quando os pais tentam reconhecer os filhos mortos na tragédia.
Ele relatou que voltou destruído para casa durante esses dias, olhando para o filho e se mostrando grato por ele não ter estado lá. Nessa realidade emocional complicada, o apoio dos amigos e da família foram essenciais.
O ator também falou o trabalho de Helena Varvaki na preparação de elenco, afirmando que foi fundamental para o resultado do trabalho. Através de suas orientações, o elenco focou na questão do afeto e das interações entre as famílias.
Daniela Arbex disse à CNN que a tragédia em Santa Maria deve permanecer viva na memória de todos. A escritora argumentou que quando as dores são ignoradas, elas doem mais, e por isso é preciso mostrar sobre o caso. “Se a gente não construir memória, a gente repete”, afirmou.