Carol Dias trabalha atualmente como educadora financeira após sete anos como assistente de palco na TV, sendo dois no Legendários e cinco no Pânico.
A ex-modelo diz que sempre teve consciência da importância da segurança econômica, o que a levou a ter atualmente R$ 4 milhões líquidos em investimentos e mais imóveis que aluga.
“Desde que trabalhava na TV, sempre soube que minha carreira era muito passageira e que eu tinha que me preocupar em investir. Meu irmão trabalhava em banco e sempre comentava sobre investimentos e poupança. Eu sempre fiz muita propagada, tinha grandes multinacionais como clientes, e nunca tive uma vida de ostentação, só fiz boas viagens. Ou seja, eu ganhava mais do que gastava. Na TV, eu via muitas pessoas que gastavam muito dinheiro como se não houvesse amanhã. A gente vê pessoas novas chegando na TV e mudanças repentinas. Quando entrei, tinha certeza de que era uma menina nova e bonita, e que um dia não teria mais meus 23 anos. É natural que a gente envelheça e tenha outras coisas na mente. Então, tem que estar preparado com o guarda-chuva antes da chuva”, reflete.
A ideia de mudar radicalmente o trabalho foi como um resgate do que realmente gostava de fazer. Na adolescência, Carol ganhava dinheiro dando aula de reforço em casa para os colegas de escola, já que sempre era destaque na turma por suas boas notas.
“Decidi fazer o que eu gostava, que é ensinar, e falar de como o brasileiro pode sair das dívidas e ter um futuro melhor. E falo nem só sobre dinheiro, mas sobre tempo, família, independência financeira e liberdade”, analisa ela, dizendo que o preconceito pela transição de modelo a educadora financeira não a abalou: “Quando a gente estuda e foca, fica claro que a gente tem nossos méritos”.
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A ida para a TV não foi planejada. Carol começou a carreira como modelo fazendo grandes showrooms e, posteriormente, foi uma das ring girls mais famosas do Brasil. Aos 23 anos, foi descoberta por Marcos Mion, que a chamou para um teste de “legendete” — com eram chamadas as assistentes de palco do Legendários. Era a oportunidade de que Carol precisava para ajudar os pais, grandes empresários do ramo de cama, mesa e banho, a sair de uma crise financeira.
“Vim de uma família rica, meus pais eram muito bem de vida. Eles vieram de Portugal muito pobres, começaram no ramo têxtil como sacoleiros e construíram um império. Nós tínhamos acabado de passar por um momento muito difícil, e quase perdemos tudo. Quando eu tinha 15 anos, fui me virar trabalhando em eventos. Fui para a TV porque sabia que era uma oportunidade de ter uma vitrine e trabalhar mais com publicidades, me apaixonei pelo trabalho, juntei um dinheiro e ajudei minha família”, detalha ela, que atribui aos pais seu domínio de matemática e estratégias de vendas.
A decisão de deixar a TV e focar em outro trabalho de que gostava também se deu pela insatisfação no Pânico, onde diz que sua saúde mental foi afetada devido à pressão estética e ao tratamento que recebia de seus chefes.
“Não é segredo para ninguém que eu sou uma das únicas ex-panicats que processaram a Band. Não reclamei antes porque trabalhava e precisava do dinheiro. Mas sofri diversos preconceitos, xingamentos ofensivos, tive síndrome do pânico e depressão profunda. Era muito difícil lidar com a direção, e chegava a ser lamentável o que acontecia com as meninas, e não é à toa que todas reclamam. Em relação ao corpo, era uma pressão muito grande. A gente já sabia que tinha que estar bem de corpo e ser uma referência de beleza, mas isso se tornou doentio para a diretora, que era a pior e humilhava as meninas, gritava no meio do palco quando elas estavam gordas. O programa começando, e ela falando para a menina ‘Você tá gorda, feia’. Já a vi mandando a menina sair do palco para trocar biquíni e minhas colegas chorarem muito”, relembra.
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Com o fim do programa, Carol diz que a relação com algumas panicats esfriou por falta de tempo. Já com outras, foi por falta de interesse dela.
“Das que eu trabalhei no palco, não tenho muito contato, mas acho incrível que cada uma seguiu seu caminho. Não é por mal, mas é porque talvez a gente não tenha tido oportunidade. Tem uma ou duas que não faço nem questão de estar perto porque tem muita futilidade, precisam crescer e estudar, e não gosto de quem destrata os outros”, limita-se.
Agora, Carol vive sem pressão estética e faz muito mais dinheiro do que na TV com seus produtos digitais. “Internet é uma máquina de fazer dinheiro para quem souber”, declara, afirmando que não deixou de trabalhar intensamente mesmo já tendo atingido o sucesso.
“Você pode parar de trabalhar quando já tiver um patrimônio. Economia é difícil, eu ficava seis horas por dia estudando, até porque sofri mais preconceito do que outras pessoas. Acordo pela manhã e leio as notícias de mercado de 7h às 10h, depois faço mentoria com alunos e os planejamentos do dia, e divulgo parceiros à noite. Criar conteúdo é muito difícil. Tenho vídeos do Instagram, do Youtube, aulas e podcast. Exige criatividade e tempo. Quem pensa que dá para ganhar dinheiro sem trabalhar, pode mudar de ideia”, alerta.
Assista ao vídeo:
Após dois anos de muito estudo durante a pandemia, o foco da ex-modelo agora é sua saúde. Carol relatou em seu Instagram ter engordado 15kg no período, e disse estar disposta a voltar à silhueta de antes apenas com treino e dieta. Em 2021, Carol perdeu um filho e a trompa após um mês e meio de uma gravidez ectópica — quando o embrião se fixa e começa a se desenvolver fora da cavidade uterina. A gestação foi planejada, com um parceiro que ela prefere não divulgar o nome. No mesmo ano, ela perdeu a avó, a quem era muito apegada.
“Foi um ano de luto. Engordei muito, fiquei em depressão, passei a comer porcaria e não tinha vontade de treinar. Percebi que estava tomando remédios e só cumpria minhas obrigações, sempre gostei de esportes e fui perdendo meus hobbies. Em algum momento, fui uma sex symbol, mas não me comparo àquela Carol. Hoje eu tenho outras prioridades e mais coisas para pensar além do corpo, porque eu trabalhava com isso. Não penso que devo voltar àquela época, mas que em dois anos eu me destruí comendo, bebendo e fazendo tudo errado. Poderia ter me cuidado melhor”, avalia.
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A educadora financeira está acompanhada de médico e nutricionista em seu desafio pessoal, para o qual não estipulou prazo a ser cumprido. Além disso, ela pretende que o caminho para o emagrecimento seja bem diferente dos que já percorreu enquanto modelo.
“Não estou disposta a sofrer emagrecendo, tomando remédio e com dietas malucas. Eu e a equipe que me atende estamos fazendo um processo saudável, cortando besteiras, mudando a alimentação e aumentando o ritmo de treino. Já tomei remédios, mas não tomo e nunca mais vou tomar. Eu sei as consequências disso, a conta chega. Nunca fui de tomar muitos anabólicos, sempre tive uma boa genética. Mas já tomei algumas coisas e, na minha visão, não adianta para nada. Você vai viver uma vida escrava desses anabólicos, porque não duram a vida inteira no corpo. Isso muda a estrutura química, e é um vício. As pessoas veem só o que está no palco ou na internet, mas não sabem o que está por trás”, pontua.