A polícia precisou intervir após o ator Antônio Fagundes proibir a entrada do público que chegasse atrasado em sua peça de teatro.
Aos 73 anos, Antônio Fagundes é um artista que, há quatro décadas, adotou a regra de que todas as suas peças começam no minuto exato em que está marcado. De acordo com o jornal Extra, o ator preza pela pontualidade das pessoas em qualquer situação, além de também ter deixado claro nos ingressos de sua nova peça de teatro que o espetáculo começa no horário marcado.
A peça de comédia “Baixa Terapia”, atualmente está em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro. No ingresso, segundo o Extra, está a seguinte frase: “O espetáculo começa RIGOROSAMENTE no horário marcado e não é permitida a entrada após o início, não havendo troca de ingressos e/ou devolução do dinheiro”. Mas, o que Antônio Fagundes não esperava é que a pontualidade traria confusão, onde até os policiais precisaram interferir.
No último sábado (14), cerca de 50 pessoas foram barradas na entrada do Teatro Clara Nunes por terem chegado minutos depois da estreia, ficando para fora do espetáculo. Parte do grupo ficou revoltada com a situação, chegando a ameaçar os funcionários e até esmurrando com violência a porta do local. Segundo informações passadas pelos funcionários, as pessoas atrasadas não poderiam assistir à peça e teriam que comprar ingressos para o dia seguinte.
Direitos autorais: Divulgação/ Baixa terapia
Com o tumulto instaurado, “Baixa Terapia” precisou ser interrompido e só foi retomada depois que os policiais chegaram ao local, contendo o público. Ao jornal O Globo, vários leitores enviaram cartas sobre o caso, onde deixaram claro a revolta com a falta de carinho e empatia de Antônio Fagundes e sua equipe para com o público. As espectadoras Rita Araujo e Marly Gutierrez disseram que desejam que o ator volte para São Paulo, porque o Rio de Janeiro não é a “sua praia”.
Ao O Globo, a espectadora Miriam Rapoport também falou sobre o caso e disse que ela, o marido e mais de 50 pessoas foram impedidas de entrar para assistir à peça. Além disso, ela também informou que no dia seguinte, mais de 30 pessoas foram barradas novamente e questionou se isso continuaria a acontecer durante a peça em cartaz.
Ainda conforme informações de Antônio Fagundes, o ator ressalta que a postura rígida com a pontualidade segue normalmente e lamenta que o óbvio não seja algo consensual. O artista explicou que se sente até desconfortável de falar sobre, pois é como se tivesse a obrigação de explicar para as pessoas o que significa a palavra “começa”, se referindo ao horário marcado para atração.
Para o ator, se uma peça começa às 20h, por exemplo, o espectador não pode chegar faltando dois minutos para às 20h e se achar no direito de atrapalhar aqueles que chegaram antecipadamente. Além disso, Antônio Fagundes destaca que a pontualidade não é um problema particular do Rio de Janeiro, mas um problema cultural do brasileiro, como se todos fossem tão especiais que as coisas só pudessem começar quando chegassem.
O veterano explica que não tem a intenção de educar ninguém, mas de respeitar quem merece ser respeitado. Para ele, o seu único objetivo com a regra é favorecer aqueles que chegaram na hora e não penalizar os atrasados. Segundo Antônio, as pessoas que chegam no horário passam pelo mesmo problema que as outras pessoas, como chuva e trânsito, e nem por isso devem ser tratadas de maneira especial.
Ainda segundo o Extra, Antônio Fagundes diz que não sabe porque as pessoas acham que, no teatro, as regras deixam de existir, mas são cumpridas em aeroportos ou na prova do Enem, por exemplo. O ator explica que no ingresso já vem avisado que não se pode entrar depois do início da sessão, e que até parou de ir ao cinema, visto que as pessoas não respeitam isso. Por conta desses transtornos, ele não quer que suas peças sofram do mesmo problema.