Zezé Motta sofreu ofensas racistas escancaradas ao formar par romântico com Marcos Paulo (1951-2012) em Corpo a Corpo, novela de 1985. Na época, os agressores enchiam a secretária eletrônica do ator com mensagens violentas sobre as cenas dele com Zezé ela foi chamada de “horrorosa” e “negra horrível”, por exemplo.

Entre os que a ofenderam e disseram “não acreditar no casal” “por se tratar de um par interracial”, um recado ficou marcado na memória da atriz. “Ele [o agressor] falou: “Ah, se a Globo me obrigasse a beijar essa negra horrível, eu lavaria a boca quando chegasse em casa com água sanitária”, lembrou a artista, em conversa com Patrícia Poeta e Manoel Soares no Encontro desta quinta (17).

Ela participou do TBT do Encontro, quadro do programa em que são selecionados nove papéis marcantes dos atores participantes. Sônia, personagem de Zezé em Corpo a Corpo, foi a primeira a figurar na lista. Mas não foi a única que levantou debates sobre racismo. Ao comentar sobre A Próxima Vítima (1995), a artista reforçou que, na novela, mulheres negras tinham vida própria e não apenas viviam ao redor de personagens brancos.

“Teve uma época em que os atores negros não tinham família. Não tinham pais, não tinham mães, não tinham filhos. Sempre eram serviçais de uma família branca e tal. E, de repente, eu era uma dona de casa, trabalhava fora, tinha marido e dois filhos. Antonio Pitanga era meu marido, Camila [Pitanga] era minha filha… Foi muito incrível. A realização de um sonho. Me senti vencedora de uma luta. Que é essa, a luta que continua: por espaço”, destacou.

Foto: Reprodução/Instagram

Mais tarde, em 2006, a atriz gastou suas lágrimas em Sinhá Moça. Na novela, ela interpretava uma mulher escravizada que tinha de amamentar os filhos dos senhores, depois de ter o próprio bebê arrancado de seus braços. Apesar do drama, a personagem nunca perdeu a esperança de reencontrar o menino. Mas, até que o esperado momento acontecesse, Zezé sofreu horrores não só na frente das câmeras, mas por trás delas também.

“Eu me emocionava porque, em várias cenas, eu pensava: “Meu Deus, que pena que não é ficção. Isso acontece no Brasil, a discriminação”, afirmou. Assim como a intolerância religiosa, tema que abordou com suas personagens em Porto dos Milagres (2001), O Canto da Sereia (2013) e O Outro Lado do Paraíso (2017). Com as três mães de santo, ela provocou reflexão. “Isso [as novelas e minisséries] gera uma discussão entre amigos, entre a família. E eu acho que muita gente muda assistindo”, defendeu a atriz.

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