Série da Boate Kiss da Netflix foi baseada em livro. Entenda!
A minissérie “Todo Dia a Mesma Noite” estreou com muito sucesso na Netflix. No ano em que o incêndio de Santa Maria, que causou a morte de 242 pessoas, completa 10 anos, a empresa de streaming lançou uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito pela jornalista Daniela Arbex.
A série conta a história das vítimas e também das famílias e sua luta por justiça. No entanto, nem todos os familiares se agradaram com a produção. De acordo com informações do Splash, cerca de 40 famílias de vítimas e moradores de Santa Maria planejam entrar com uma ação contra a Netflix.
Essas pessoas não aprovaram a produção e pretendem se manifestar contra. A advogada do grupo, Juliane Muller Korb, deu entrevista ao veículo de notícias, e afirmou que essas pessoas não foram procuradas antes da exibição da minissérie, e também não a mistura entre fatos e ficção da produção.
Segundo Korb, o que o grupo busca é justiça, e que gostariam que a história fosse contada sem “dramatização e sensacionalismo”. A advogada ainda falou sobre o peso emocional que as famílias vivenciaram ao assistirem as cenas do reconhecimento dos corpos no ginásio ainda no trailer da produção. De acordo com ela, muitas pessoas não foram capazes de fazer o reconhecimento e nunca mais viram os corpos.
O trailer ainda teria causado crise de ansiedade e de pânico nessas pessoas, prejudicando sua condição mesmo que antes estivessem com uma saúde mental estável. “É uma linha tênue, é tratado como uma série ficcional baseada em história real, tudo ali é realidade”, afirmou a advogada na entrevista.
Direitos autorais: Divulgação/ Netflix
Outro ponto que motivou a atitude desse grupo foi o fato de terceiros estarem usando a tragédia para monetizar. “A morte de pessoas vai gerar lucro à Netflix”, disse Juliane.
À frente desse grupo está o empresário Eriton Luiz Tonetto Lopes, pai de Évelin Costa Lopes, jovem de 19 anos que perdeu a vida na tragédia. Os participantes trocam ideia através do WhatsApp e acionarão a Netflix extrajudicialmente para falar sobre suas demandas.
Uma vez que conversar com a Netflix, o grupo deverá analisar a ação judicial envolvendo danos morais e sequelas médicas.
Alguns dos tópicos principais da conversa com a Netflix serão:
- Entender os motivos pelos quais não foram consultadas pela empresa sobre dramatizar o caso;
- Reivindicar que parte dos lucros da obra seja convertida para a construção de um memorial;
- Pedir para que o trailer, que em sua visão ” traz aspecto muito pesado”, seja mudado e exibido em nova versão na televisão;
- Falar sobre a responsabilidade afetiva e social que plataformas de streaming carregam quando produzem materiais baseados em casos reais.
Os familiares ainda deixaram claro, através da advogada, que não estão em busca de indenização pessoal, apenas uma maneira de utilizar o dinheiro do lucro da Netflix para fazer o memorial em Santa Maria para promover uma reflexão duradoura por parte da população.
Netflix foi apoiada por Associação
É válido ressaltar, no entanto, que essa posição não é uma unanimidade entre familiares de vítimas. A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, que foi em 2013 para representar as vítimas da tragédia, emitiu uma nota falando que não é a responsável pelo possível processo contra a Netflix.
Nas redes sociais, a associação afirmou eu a série não retrata as vítimas de forma individual, mas que é um recorte das quatro famílias cujos foram processados. A associação também acrescentou que todos os familiares de sobreviventes e vítimas estavam cientes da produção e concordaram com a mesma.
“Além disso, reiteremos que não estamos movendo nenhum processo contra as produções, nem pretendemos, por acreditarmos na potência das produções na luta por justiça e a luta por memória”, disse nas redes sociais.
Confira abaixo: