Monteiro Lobato é reconhecido por uma de suas grandes obras infantis, Sítio do Picapau Amarelo

Monteiro Lobato foi um grande escritor e editor paulista. Uma de suas maiores obras, “O Sítio do Picapau Amarelo”, acabou sendo referência de literatura infantil e deu vida a séries e a filmes.

Boa parte de sua obra se encontra dentro do período pré-modernista brasileiro, cuja maior característica reside no nacionalismo e na crítica sociopolítica.

Infância de Monteiro Lobato

O paulista de Taubaté, José Bento Renato Monteiro Lobato, nasceu em 18 de abril de 1882. Sua alfabetização, em um primeiro momento, foi feita por sua própria mãe, dona Olímpia Augusta Lobato, e posteriormente, por um professor particular.

Com 7 anos, o escritor ingressa em um colégio e nessa idade, ele descobriria os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé, que era dono de uma vasta biblioteca. Àquela época, o menino já demonstrava grande interesse pela literatura e passou a ler todos os livros para crianças da biblioteca de seu avô.

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Segundo a Wikipedia, já em seus primeiros anos de estudante, o jovem Monteiro Lobato já escrevia pequenos contos, que eram divulgados nos jornaizinhos das escolas que frequentou.

Depois de receber como herança de seu pai uma bengala, ele quis mudar seu nome de José Renato para José Bento, afim de poder usar o objeto que trazia as iniciais J. B. M. L. aos 13 anos, foi reprovado em português, mesmo escrevendo para três jornais. Com 14 anos, ele já dominava o inglês e o francês. Nessa idade, ele escreveu “Rabiscando”, sua redação mais antiga conhecida.

Em 1898, seu pai falece devido a uma congestão pulmonar. No ano seguinte, sua mãe, tomada por uma depressão profunda, também falece, deixando o jovem praticamente órfão. Tentando buscar um sentido para sua vida, ele se descobriu nos desenhos, tornando, posteriormente, um exímio desenhista e caricaturista.

Carreira e formação

Por imposição de seu avô, Monteiro Lobato desistiu de estudar Belas Artes e ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo de São Francisco. Ainda em Direito, ele continuou escrevendo histórias infantis.

Após fundar o grupo “Arcádia Acadêmica” e realizar o discurso inaugural, foi bastante elogiado por ser um comentarista original e dono de um senso fino e sutil, que misturava o “espírito à francesa” com o “humor inglês”.

Foi conhecido por dizer tudo o que pensava, independente se agradava o público ou não.

Em 1904, forma-se bacharel em Direito e volta para Taubaté. No ano seguinte, formula com seu amigo, criar uma fábrica de geleias, mas ele não consegue seguir com o planejamento por ocupar, de maneira interina, a promotoria de Taubaté.

Em 1914, Monteiro Lobato começa a se envolver com a política, mas logo perde o interesse. Sendo fazendeiro, o paulista começa a engrenar de vez na carreira literária. Devido ao inverno rigoroso e seco daquele ano, ele escreve uma carta e envia para o jornal O Estado de S. Paulo. Os editores perceberam o valor da carta de Monteiro Lobato e decidiram publicá-la diretamente no jornal, e não na seção destinada às reclamações.

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Conforme foi ficando conhecido, passou a publicar vários textos e críticas. Em 1917, escreveu uma crítica contra a exposição de pintura de Anita Malfatti, que terminaria sendo o pontapé inicial para a Semana da Arte Moderna, de 1922. À época, Lobato foi visto como reacionário, mas atualmente, segundo os estudiosos, a crítica dele ia em contra aos “ismos” europeus, como cubismo, futurismo, dadaísmo, que ele julgava como colonialismo. Lobato era totalmente favorável à arte brasileira, criada em território nacional.

Anos mais tarde, ele fundou a editora Monteiro Lobato & Cia, que posteriormente passou a ser chamada de Companhia Editora Nacional. Em 1920, publicou seus primeiros contos: Os Faroleiros, Negrinha e A Menina do Narizinho Arrebitado, que seria sua primeira obra infantil. Esse livro daria origem a Lúcia, mais conhecida como Narizinho, do Sítio do Picapau Amarelo.

Monteiro Lobato também fundou várias empresas para fazer a perfuração de petróleo, entre elas, a Companhia de Petróleo Nacional, a Companhia Petrolífera Brasileira e a maior de todas elas, a

Companhia Mato-grossense de Petróleo. Com suas empresas, o escritor passou a incomodar várias pessoas na política brasileira e, inclusive, várias empresas estrangeiras. Essa batalha o deixaria pobre, doente e desgostoso.

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O escritor terminou sendo preso, após enviar uma carta ao então presidente Getúlio Vargas que foi considerada como subversiva e desrespeitosa. Lobato ficou preso entre março a junho de 1941.

Vida pessoal

Em 1904, o escritor conhece Maria Pureza da Natividade de Souza e Castro, que ele chamaria de “Purezinha” e passam a namorar. Eles se casam em 1908 e em 1909 nasce a primeira filha do casal, Marta.

Com o falecimento de seu avô, e já com o segundo filho, toda a família passa a morar na Fazenda Buquira, onde tornou-se fazendeiro. Boa parte de sua vida, Monteiro Lobato dedicou-se a modernizar a lavoura da propriedade e à criação de animais. Em 1912, nasce Guilherme, seu terceiro filho.

Falecimento

Depois que obteve a liberdade, Monteiro Lobato perdeu todo resquício de tranquilidade. Edgar, seu filho mais velho, falece em 1942, três anos depois do falecimento de Guilherme. Ambos falecimentos fizeram com que o autor sofresse por anos.

Durante a época da ditadura brasileira, suas companhias terminaram liquidadas, e isso fez com que o autor se aproximasse aos comunistas. Ele teria enviado uma nota de saudação a Luís Carlos Prestes, que foi lida pelo político no estádio do Pacaembu, em 1945.

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Em abril de 1948, sofre o primeiro espasmo vascular, que termina afetando sua motricidade. Ainda com essas dificuldades, ele se filia à revista Fundamentos e publica alguns folhetos. Em sua última entrevista, o escritor defendeu a campanha “O Petróleo é Nosso”, mas dias depois sofre um novo espasmo cerebral que tira sua vida.

Ele morre, aos 66 anos, ao lado de sua esposa, Maria Pureza, sua filha Ruth e o ascensorista Antônio Augusto. Sob grande comoção pública, seu corpo foi velado na Biblioteca Municipal de São Paulo e seu sepultamento foi realizado no Cemitério da Consolação.

Polêmicas

Em 1918, segundo o site E-Biografia, o escritor publica sua primeira coletânea de contos, onde traça o perfil de um caipira que por ser preguiçoso, tornava-se incapaz para trabalhar na agricultura.

A figura de Jeca Tatu terminou chamando a atenção de Rui Barbosa, que o teria citado em um discurso da campanha presidencial do mesmo ano.

Outra situação bastante polêmica é a questão de suas ligações com o eugenismo. Essa doutrina, criada pelo francês François Galton, no século XIX, defende uma suposta melhoria das raças. Essas ideias tinham como principal discurso a defesa da superioridade racial das pessoas brancas, e eram contrárias às misturas étnicas e a predominância do povo negro.

Renato Kehl. Direitos autorais: Wikimedia Commons

Em suas correspondências com seus amigos, Godofredo Rangel, Renato Kehl e Arthur Neiva, o escritor fazia comentários de teor discriminatório, como: “País de mestiços, onde branco não tem força para organizar um Kux-Klan (sic), é país perdido para altos destinos”. Lobato foi, inclusive, membro da Sociedade Eugênica de São Paulo, tendo como fundador Renato Kehl.

Desde 2010, essa questão voltou à tona, principalmente devido a uma passagem onde o escritor se refere à personagem negra Tia Nastácia por “macaca de carvão”, e que ela também teria “carne preta”. Nessa mesma época, a obra Caçadas de Pedrinho, publicada em 1933, foi alvo de mandado de segurança impetrado pelo Instituto de Advocacia Racial perante o Supremo Tribunal Federal.

O instituto requeria a retirada da obra da lista de leituras obrigatórias das escolas públicas. O pedido teria sido negado pela Câmara de Educação Básica, pelo Plenário do Conselho Nacional de Educação e também pelo ministro da Educação da época.

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Jimena Bautista
Redatora dos sites O Segredo e O Amor. Escreve sobre reflexão, inspiração e boas notícias, incentivando a todos a se tornaram uma melhor versão de si mesmos.

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