Na manhã desta segunda-feira (24), a Polícia Civil conduziu uma operação na casa de um adestrador localizada em Guaratiba, Zona Oeste do Rio, seguindo o rastro do desaparecimento de uma golden retriever chamada Mia.
O adestrador havia informado aos familiares que o animal havia escapado, porém, a polícia encontrou o corpo da cadelinha enterrado no quintal da propriedade.
A residência, protegida por altos muros e portões, é conhecida desde dezembro pelo nome de “Mansão Pet”.
Integrantes do grupo Nas Garras da Lei, dedicados à proteção de animais maltratados, foram os responsáveis por exumar o corpo.
“Verificamos o quintal e notamos que a terra estava revolvida naquele canto. Isso já indicava que algo estava enterrado lá. Com cuidado para não danificar ainda mais o pequeno corpo da Mia, escavamos ao redor, removemos e confirmamos através do chip que era ela”, explicou Jack Calderini, agente do Nas Garras da Lei.
Serviço de adestramento prolongado
Mia tinha apenas 11 meses e foi deixada aos cuidados do local no dia 9 de janeiro.
Inicialmente, a estadia seria de três dias, mas Mário Sérgio Dornelas, o adestrador, propôs um treinamento extendido de 30 dias para a cadela.
Os donos aceitaram e contrataram o serviço. Após esse tempo, Mário Sérgio pediu mais 15 dias com Mia.
“Porque ele disse que ela ainda não estava perfeita ao fazer xixi e cocô durante os passeios. E que assim ele poderia garantir que ela estaria completamente treinada”, contou Francine Banchi, tutora de Mia.
A cadela deveria ter retornado para casa em 14 de fevereiro, mas no dia anterior, o adestrador comunicou que Mia havia fugido.
Esforços para localizar Mia
Os donos procuraram por imagens de câmeras de segurança na vizinhança, mas não conseguiram encontrar provas do desaparecimento da cadelinha. Após a divulgação do caso, uma campanha foi iniciada para encontrar Mia.
“Desde então iniciamos essa incansável batalha de 10 dias, sem dormir e sem comer, à procura dela”, disse a proprietária do animal.
Mário Sérgio chegou a publicar um vídeo nas redes sociais explicando o desaparecimento.
“A Mia fugiu lá da minha casa onde ela estava sendo treinada e se adaptando ao adestramento e sabemos que isso às vezes acontece com cachorros; eles fogem, vão para a rua. Quem conhece meu trabalho sabe como sou com os animais, como eu os amo e trato. Anos que estou aqui adestrando. Eu maltratar animais? Isso não acontece”, defendeu-se Mário Sérgio.
Na segunda-feira, ele não estava presente na residência, mas sua família autorizou a entrada dos policiais no imóvel. Agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e da Delegacia de Guaratiba foram verificar se havia outros animais no local.
Descobriram mais três cães em condições precárias: um ambiente com cheiro forte de fezes e urina e onde a única água disponível estava em um balde sujo sem ração disponível para os animais.
A perícia da Polícia Civil irá analisar se houve maus-tratos aos animais. A família do adestrador afirmou que Mário Sérgio sempre foi dedicado aos animais e escolheu aquela casa visando oferecer um espaço melhor para eles.
Até o final da manhã, Mário Sérgio ainda não tinha aparecido. Para os tutores de Mia, encontrar o corpo trouxe uma combinação de alívio e tristeza.
“É uma dor indescritível, mas também a certeza de que ela morreu para salvar outros cachorros que estavam aqui em condições de maus-tratos e nós não sabíamos o que poderia acontecer. Assim, ela cumpriu sua missão e seu nome será lembrado para sempre”, declarou a dona da cadelinha.