Foram mais de 20 anos até que a mulher reouvesse os direitos do personagem que criou, impossibilitando à Disney usá-lo em futuras criações da superpotência das animações.
O esquilo animado Scrat tem sido um dos personagens favoritos dos fãs da franquia “A Era do Gelo” desde sua estreia, em 2 de março de 2002. O jeito azarado do bichinho, sempre perdendo sua noz e todas as peripécias que fazia para assegurar seu alimento no frio glacial cativaram o público, mesmo que Scrat praticamente não saiba falar e tenha um enredo que, embora converse com o dos demais personagens, como Manny, Diego e Sid, segue o próprio ritmo.
Scrat sempre foi uma sensação, mas nenhum dos envolvidos na produção dos seus filmes poderia prever a dor de cabeça que ele poderia causar no futuro. A empresa que atualmente tem os direitos dos filmes “A Era do Gelo” perdeu os direitos de continuar usando Scrat em futuros títulos da saga por causa de uma disputa legal pela marca registrada do personagem.
Ao longo dos anos desde a estreia da franquia, várias pessoas reivindicaram a autoria de Scrat, mas nenhuma delas tinha tantos argumentos quanto Ivy Silberstein, uma artista e estilista norte-americana também conhecida como Ivy Supersonic.
De acordo com a argumentação de Ivy, ela teria apresentado sua criação à empresa responsável em 1999, quando o esquilo ainda se chamava Sqrat. Em 2002, apenas alguns anos depois de sua ideia ter sido recusada pelo estúdio, Ivy viu sua criação tomar forma nas telas de cinema, mas sem que ela fosse contatada sobre isso. Ela entrou com uma ação judicial contra a Twentieth Century Fox, produtora do longa, por violação de direitos autorais naquele mesmo ano. A empresa viria a ser adquirida pela Disney em 2019, adicionando mais um elemento à luta judicial.
Silbertein chegou a comparar a situação a um sequestro, dizendo que as empresas tinham levado sua criação embora, roubado seu desenho simplesmente porque podiam. Ivy explicou que foi um problema com a marca registrada que deu início a todo esse drama judicial.
A marca inicial de Silberstein foi acidentalmente abandonada por seu advogado em março de 2001; eles perceberam o incidente em novembro do mesmo ano, mas não conseguiram restabelecer a marca registrada. Silberstein teve de começar todo o processo, requerendo nova marca.
A Disney conversou com Silberstein logo ao adquirir a Twentieth Century Fox para ver se a artista estaria disposta a um acordo sobre os direitos de Scrat. Ivy manteve sua posição com a Disney, forçando a empresa a ceder e lhe entregar os direitos do seu personagem.
O juiz decidiu que Silberstein e a Twentieth Century Fox eram ambas proprietárias iguais dos direitos de Scrat em 2003. A artista, contudo, recusou-se a desistir facilmente, e lançou uma campanha para recuperar a propriedade total do personagem no mesmo ano, e sua ação se arrastou até 2022.
Foram mais de 20 anos até que, em 28 de janeiro de 2022, Ivy recebeu a restituição dos direitos de seu personagem. Nas suas redes sociais, ela comemorou o retorno de Scrat, um desenho seu que ela considerava como um filho. Radiante, postou uma foto segurando os documentos que lhe asseguravam a propriedade do esquilo novamente, celebrando que seu personagem não apareceu mais em nenhum filme de “A Era do Gelo” ou qualquer outra produção Disney.
Direitos autorais: Reprodução Twitter / @iwantjustice.
O resultado é um bom presságio para muitos escritores e artistas que enfrentam grandes corporações pelos direitos de suas criações. Depois dessa vitória judicial, a esperança é que a maioria deles não precise esperar mais de 20 anos para ter direito à sua propriedade intelectual.