Aos 24 anos, um homem rompe o silêncio e relembra o trauma que marcou sua vida: testemunhar, ainda criança, contra a própria mãe biológica em um caso de homicídio.
Com apenas sete anos, ele depôs no tribunal sobre a morte da irmã na piscina de casa — um relato que foi essencial para a condenação de Amanda Lewis, mãe das duas crianças. Agora, mais de uma década depois, ele reafirma tudo o que disse.
O caso chocou os Estados Unidos em 2008. Na época, o menino — identificado como AJ Hutto, com nome alterado por questões legais — contou ao júri da Flórida que viu a mãe afogar sua irmã, Adrianna, também com sete anos, mergulhando sua cabeça na água.
O depoimento de AJ não apenas abalou a corte, mas mudou completamente os rumos da investigação, que até então tratava o caso como um acidente. O episódio aconteceu na piscina da casa da família.
Criança descreveu a cena com riqueza de detalhes
Durante o julgamento, o promotor Larry Basford apresentou um desenho feito por AJ que mostrava os três — ele, a mãe e a irmã — ao redor da piscina.
A imagem trazia frases escritas pelo menino, interpretadas como parte crucial de seu relato sobre o que aconteceu naquele dia.
Minha mãe estava na foto “matando minha irmã” disse ele no tribunal
Quando questionado sobre como Amanda Lewis teria feito isso, AJ respondeu:
Colocando a mão dela no rosto
No desenho, o menino escreveu as frases “She Did” e “To Bad”.
Segundo ele, a primeira significava “ela morreu” e a segunda expressava que “foi assustador” — revelando, de forma simples e impactante, como entendeu o que presenciou.
Decisão judicial e reações públicas
Apesar de sua pouca idade, o juiz Allen Register considerou AJ uma testemunha competente. No entanto, ativistas na época levantaram dúvidas sobre a influência da equipe de acusação no depoimento do menino e destacaram inconsistências em algumas respostas.
Em entrevista recente ao DailyMail, AJ respondeu diretamente às críticas: “Não acredito que eu era, como eles chamam, um treinador ou algo assim. Eu apenas disse a eles exatamente o que vi, palavra por palavra”.
Amanda Lewis, agora com 45 anos, foi condenada por homicídio em primeiro grau e sentenciada à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Ela também recebeu uma pena adicional de 30 anos por abuso infantil. Desde então, ela continua a afirmar que é inocente.
Versões contraditórias do que aconteceu na piscina
Segundo Lewis, tudo foi um acidente. Ela disse que encontrou Adrianna já “roxa”, com o rosto submerso na piscina, e ligou imediatamente para o serviço de emergência.
No entanto, o laudo da autópsia revelou um hematoma que parecia uma marca de mão no rosto da criança.
Em uma gravação em vídeo feita pela polícia, AJ afirmou:
“Mamãe molhou minha irmã” e acrescentou que sua mãe havia se irritado porque a menina havia borrifado limpador de vidros pela casa.
As autoridades também identificaram que a residência da família apresentava condições precárias e não havia muitos brinquedos ou recursos disponíveis para as crianças.
Vida após o julgamento e lembranças de uma infância marcada por abuso
Hoje, aos 24 anos, AJ foi adotado, se casou e construiu uma nova vida como bombeiro. Ele vive sob nova identidade e não mantém nenhum contato com Lewis, com quem não quer se relacionar novamente.
“Cem por cento culpado. Mantenho cada palavra que disse”, afirmou ele ao canal de notícias. Sobre os anos em que viveu com Amanda, AJ declarou:
“Abusados fisicamente, Adrianna e eu fomos atingidos” e completou:
“Minha infância com Amanda foi, foi quase uma diferença de 360 graus, completamente diferente.” Ele também relatou o impacto emocional duradouro:
“Faz muito tempo que não falo sobre isso, então meio que lembro de algumas coisas da minha vida passada. E, na maior parte, lembro do abuso. Às vezes, nem víamos isso chegando. Às vezes, literalmente, éramos pegos de surpresa”.
Nova tentativa de reabrir o caso
Amanda Lewis nomeou recentemente um advogado na tentativa de revisar o caso na Instituição Correcional para Mulheres de Homestead, no sul da Flórida, onde cumpre pena. S
egundo o veículo, ela teria passado no teste do polígrafo e recusado um acordo judicial de 10 anos por homicídio culposo. Mesmo com essa movimentação, AJ mantém firme sua versão e reforça que não deseja qualquer reconciliação.
A condenação, baseada em seu testemunho, permanece como um dos casos mais impactantes envolvendo depoimento de uma criança em tribunal criminal.