O ex-jogador chamou a atenção nas redes sociais ao compartilhar uma foto apoiando o então candidato à reeleição Jair Bolsonaro.
A Itália oficialmente pediu ao Brasil que extradite o ex-jogador de futebol Robinho, 38 anos, para cumprir pena depois de condenação em última instância por cometer estupro no país em 2013. O pedido foi feito oficialmente no dia 4 de outubro, mas muitos apontam que dificilmente ele irá enviado para as autoridades italianas.
Isso acontece porque, de acordo com a Constituição Federal de 1988, o Brasil é proibido de extraditar seus cidadãos. Segundo o Terra, a justiça italiana pode então pedir que ele cumpra a pena em uma prisão brasileira, mas em contrapartida o Código Penal afirma que apenas em duas ocasiões isso é permitido: para reparar danos e para homologar efeitos de tratados.
O Ministério Público de Milão, responsável por acionar o Ministério da Justiça da Itália, já teria sido informado sobre o pedido da extradição de Robinho às autoridades brasileiras. Em janeiro deste ano, ele teve seu recurso negado pela Corte de Cassação de Roma, fazendo com que ele e Falco não tivessem mais possibilidades de recursos.
No Brasil desde 2020, Robinho voltou a chamar a atenção da imprensa no dia 30 de setembro ao publicar uma foto vestindo a camiseta da seleção brasileira e fazendo o sinal do número dois nas duas mãos. Tentando deixar claro o apoio ao candidato à reeleição da presidência da república Jair Bolsonaro (PL), ele ainda escreve “22” na legenda, inaugurando o ano no Instagram, já que não tinha feito nenhuma outra postagem.
O Ministério Público de Milão já tinha pedido a extradição do atleta há oito meses, mas apenas agora que o Ministério da Justiça da Itália encaminhou o documento oficial ao governo brasileiro. O pedido foi feito após a condenação de Robinho a cumprir nove anos de prisão por ter participado de um estupro coletivo contra uma jovem albanesa em uma boate de Milão, em 2013.
Direitos autorais: Reprodução Instagram/ @robinho
Em janeiro deste ano, o Supremo Tribunal da Itália confirmou a condenação, o que significa que o ex-jogador não tem mais possibilidade de entrar com recursos. Durante sua defesa, os advogados de Robinho alegaram que ele era inocente, e que não existiam provas de que a relação íntima com a vítima não tenha sido consensual. Eles ainda defenderam que o processo é cheio de falhas e que ele foi julgado e condenado pela exposição do caso na mídia.
Relembre o crime de Robinho
De acordo com investigação do Ministério Público, o caso ocorreu na madrugada de 22 de janeiro de 2013, em uma casa noturna de Milão. Robinho e outros cinco brasileiros teriam embriagado uma jovem albanesa, levada inconsciente para o camarim no local, sendo estuprada várias vezes por todos. Os outro quatro homens deixaram o país durante as investigações, por isso eles não foram notificados e tiveram o caso separado do processo.
A acusação acabou sendo totalmente baseada no depoimento da vítima albanesa e na interceptação de mensagens de telefone entre os acusados, autorizada pela Justiça italiana. Em novembro de 2017, Robinho e o amigo Ricardo Falco foram condenados em primeira instância, em Milão, pelo crime de estupro coletivo. Na época ele ainda jogava e estava no Atlético-MG.
Os advogados de defesa recorreram da decisão e um novo julgamento acabou sendo realizado em dezembro de 2020, mas novamente ele foi condenado. Alguns meses antes, o Globo Esporte tinha divulgado algumas mensagens interceptadas pela Justiça italiana no celular do jogador. Nelas, Robinho e os demais envolvidos afirmam que sabiam que a vítima estava inconsciente.
Em uma das falas, Robinho diz: “Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu.” Essa divulgação fez com que o Santos suspendesse o contrato que estava fechando com o atacante, que o colocava como jogador do time até fevereiro de 2021. Em janeiro deste ano, a Justiça italiana confirmou a condenação na terceira e última instância.
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