Lilia Cabral não é uma atriz comum.
Aqueles que já acompanharam algum trabalho dela na TV, cinema ou teatro ao longo de mais de 40 anos de carreira, se depararam com uma artista expressiva, capaz de fazer rir com a Amorzinho, de “Tieta”, chorar com a Tereza de “Viver a Vida” e torcer pela sofrida Maria do Caritó, a qual deu vida em longa e espetáculo teatral homônimos. Ela conseguiu até mesmo o que parecia impossível: transformar o ódio que os fãs de “Páginas da Vida” sentiam pela Marta dos primeiros capítulos da trama, em compreensão e uma dose de compaixão pela mulher que abandonou um dos netos. 🎬🤩
Lilia, uma das grandes atrizes brasileiras desta geração, completou 65 anos. 🎂🥳Agraciada com Prêmios Shell, APCA e Grande Otello e indicada ao Emmy duas vezes, a paulistana tem uma vida repleta de sucessos, sim, mas também momentos de superação, como a elaboração do luto pela perda dos pais há mais de 30 anos, foco para conseguir espaço numa carreira para a qual, nas palavras dela, é preciso ter “bastante disposição”, e também de muito amor: pelas relações que construiu ao longo dos anos, pela profissão, pela família e especialmente pela filha, a atriz Giulia Bertolli, com quem divide a cena atualmente no espetáculo “A Lista”.
“Sempre achei que teria só uma filha. Nunca pensei ‘vou ser muito famosa’, mas jamais deixei de sonhar alto, mas não no sentido da exuberância. Minha primeira protagonista foi aos 50 anos [Griselda/Pereirão, de ‘Fina Estampa] e como foi importante [para mim], nunca desisti de lutar pelo que eu queria. Sempre. Nada mudou. Gosto de mim, da forma como estou, que é muito verdadeira”, reflete Lilia, em bate-papo. Só vem! 🤓💓
Mudança de patamar
“‘História de Amor’ foi muito importante, porque eu vinha de trabalhos engraçados, leves, tanto no teatro como na TV, e, de repente, caiu na minha mão um personagem que era completamente conflituoso e eu me dediquei demais. Lembro que fiquei muito emocionada, porque cheguei em casa e tinha flores com uma dedicatória do [autor de novelas] Manoel Carlos, dizendo que ele estava feliz com o que estava vendo. E eu levei um choque com aquilo: ‘isso é bom, mas eu não posso decepcionar de forma alguma’ (risos)”.
Pé no chão
“Nunca me deslumbrei. Sempre pensei: ‘vou entrar na TV e não quero fazer teste algum, quero que as pessoas me vejam no teatro e me chamem pelo meu trabalho’. Não que fazer teste seja um demérito. Não é. Jamais! Mas quando eu cheguei ao Rio de Janeiro, queria muito ser chamada para um trabalho motivado pelo meu desempenho em cena”.
Terapia e superação
“Meu erro foi tentar driblar o que estava sentindo. Quando minha mãe morreu, eu estava com vontade de ir ao fundo do poço de tanta tristeza… deveria ter ido e não driblar os sentimentos. Eu fui guardando e criando medos, porque parecia que eu tinha perdido a raiz. Não imaginei que aos 30 anos não teria mãe. Essa fuga me deu síndrome do pânico. Quando entendi o que estava acontecendo, fui cuidar e me cuido até hoje”.
Reaprendendo a viver
“Quando meu pai faleceu eu fiz o contrário, pensei: ‘preciso de um dia para chorar e entender tudo o que está acontecendo e eu fiquei um dia inteiro chorando. Eu senti a presença do meu pai tão forte: [como se dissesse] ‘eu entendo e aprovo o que você está fazendo’, passou melhor, foi bem melhor. Nessas horas precisamos ter carinho, afeto, amor, família, amigos e eu agradeço porque tive e tenho muita gente ao meu lado”.
Mãe coruja
“Quando a Giulia pisa no palco tenho uma emoção grande, porque vejo que é uma realização pessoal da minha filha. Ela está começando a se descobrir e da forma mais correta: pisando no palco, porque o teatro não consegue enganar. Se você é bom, faz com que o público saia da peça falando bem de você, se não é bom, o público não vai falar do ator, mas também não vai estar entregue”.
Bravo, Lília! 👑✨