Um dos programas que mais causavam medo nas crianças da década de 1990, “Linha Direta” promete voltar no ano que vem.
Os casos conhecidos como true crimes, ou assassinatos reais, têm ganhado fôlego nos últimos anos. Com eles, canais no YouTube que narram histórias verídicas de crimes no Brasil e no mundo, conquistaram legiões de fãs, tanto que até mesmo grandes plataformas de streaming têm apostado no gênero, como a Netflix, que viu seus acessos subirem exponencialmente com a série que mostrava os bizarros crimes do serial killer Jeffrey Dahmer.
Se você acha que essa é uma novidade recente, se engana. Na década de 1990, a quantidade de programas que narravam e reconstituíam crimes com e sem soluções acabaram ganhando as emissoras, sendo que, no Brasil, o “Linha Direta”, na Rede Globo, acabou se tornando um dos mais conhecidos pelos telespectadores.
A TV Globo anunciou no dia 27 de outubro, através do Instagram, que o programa “Linha Direta” vai entrar na programação no canal em 2023, sendo comandado por ninguém menos que Pedro Bial. Segundo informações do G1, o anúncio foi feito no Upfront 2023, um evento direcionado a agências de publicidade e anunciantes, que apresentam possíveis comerciais, inovações em formatos e as novidades nas programações para o ano seguinte.
Pedro Bial já é conhecido do público por sua trajetória como apresentador, tendo ficado à frente do “Big Brother Brasil” por anos, além de apresentar o “Fantástico” e o talk show “Conversa com Bial”. Aos 64 anos, liderar um programa que promete atrair ibope pode ser uma grande aposta, justamente por isso a escolha de um profissional com experiência.
“Linha Direta” e os crimes chocantes
Inspirado em programas de sucesso do exterior com o mesmo estilo, como “Yesterday”, “Today and Tomorrow” e “The Unsolved Mysteries”, “Linha Direta” fazia reconstituições de crimes e apresentava ao público casos sem solução, bizarros, amedrontadores e revoltantes. O programa chegou a ser apresentado por Hélio Costa, Marcelo Rezende e Domingos Meirelles, e era exibido nas noites de quinta-feira, de 1990 até 2007.
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O principal objetivo do programa, era apresentar casos que tinham ocorrido pelo Brasil e que os suspeitos estavam foragidos, exibindo fotos e desenhos que pudessem auxiliar a população a denunciar os possíveis envolvidos. Segundo informações da colunista Paula Kogut, o “Linha Direta” ajudou a prender cerca de 380 suspeitos de terem cometidos crimes, isso porque incentivava a própria população a fazer denúncias e fornecer pistas.
O “Linha Direta” tinha um estilo próprio de casos criminais na hora de exibir os casos, e apresentava a cobertura jornalística sobre os crimes, o processo de investigação e a reconstituição baseada em depoimentos de testemunhas e familiares das vítimas. Os telespectadores tinham a garantia de que suas denúncias seriam mantidas em completo sigilo, e eram atendidos em uma central telefônica, que ficava disponível 24h por dia, além de terem acesso à página do programa na internet.
Apresentado por Hélio Costa em 1990, e voltando ao ar apenas em 1999, com Marcelo Rezende no comando, o programa ainda recebeu Domingos Meirelles em sua temporada final. “Linha Direta” cobriu fatos extremamente marcantes, como a radiação de césio-137 em Goiás, Doca Street, Vladimir Herzog, e até mesmo alguns eventos considerados sobrenaturais, como o Edifício Joelma, em São Paulo.
A divulgação dos crimes e dos rostos dos acusados surtiram mais efeito do que muitos imaginariam, e até mesmo a emissora concordou que muitos suspeitos puderam ser capturados pela iniciativa do programa. Apenas com os casos relatados na atração, cerca de 380 possíveis criminosos acabaram sendo localizados pelas autoridades após denúncias.
Na maioria das exibições, eram apresentados dois casos aos espectadores por episódio, mas em alguns dias, até três crimes eram mostrados no “Linha Direta”. Todas as simulações eram feitas por atores profissionais, mas que não eram conhecidos da mídia, o que melhorava ainda mais a impressão de veracidade que o programa imprimia.