Imagine uma menina de nove anos, adorável, afetuosa e amada por todos. Essa é a descrição que a mãe faz de sua filha, que foi sequestrada e abusada sexualmente por um vizinho em Tramandaí, no Litoral Norte.
Na manhã de quarta-feira (26), a polícia encontrou a menina em um porão, aproximadamente 18 horas após seu desaparecimento na tarde de terça (25).
O esconderijo estava localizado nos fundos de uma loja de conveniência do suspeito do crime, Marco Antônio Bocker Jacob, 61 anos, que supostamente usou um picolé para atrair a criança.
No programa Gaúcha Atualidade da Rádio Gaúcha, na manhã de quinta-feira (27), a mãe da menina compartilhou que a criança está profundamente traumatizada. Ela costumava dormir no escuro, mas recusou-se a fazê-lo na primeira noite em casa após o ocorrido. A polícia estima que a menina possa ter ficado cerca de 12 horas no porão.
“Ela não pode ficar no escuro, meu marido foi apagar a luz e ela disse ‘não, não quero ficar no escuro, já fiquei no escuro demais e não vou ficar mais'”, conta a mãe.
Após ser resgatada, a menina recebeu atendimento especializado em um hospital em Porto Alegre e voltou para casa ainda na quarta-feira. Lá, ela ganhou um brinquedo de pelúcia em forma de flor da pediatra que a atendeu, que ela nomeou como “coragem”.
“Ela (a criança) disse que é ela. Que ela é uma menina corajosa”, revela a mãe.
A criança desapareceu após ir brincar em uma praça próxima à sua casa na tarde de terça-feira. A mãe admitiu que hesitou em deixá-la ir, pois a menina costumava brincar apenas no quintal de casa, mas acabou cedendo à insistência da filha.
A mãe também expressou sua gratidão aos policiais que ajudaram na busca pela menina.
“Eu quero agradecer todos, tanto a Brigada Militar, quanto a Polícia Civil, o delegado de Tramandaí, que não desistiram, deixaram tudo de lado e focaram só em encontrar minha filha”, afirma.
A mãe disse que nunca suspeitou do vizinho envolvido no crime, mas o marido sempre teve reservas em relação ao homem.
“Eu nunca desconfiei, eu não acredito até agora. Mas o meu marido desconfiava, ele sempre disse, ‘a gente não sabe de onde vem, não conhece o passado’, meu marido sempre ficou com o pé atrás”, relata.
O suspeito foi agredido pela população, mesmo com a polícia presente no local. Vizinhos também expressaram suas desconfianças sobre o comportamento do homem.
Jacob já havia sido condenado por agredir uma jovem de 17 anos em 2020, em Porto Alegre, onde residia. Na ocasião do crime anterior, ele roubou as chaves e invadiu a casa de uma família onde trabalhava como pedreiro. Em seguida, ele atacou a adolescente e tentou dominá-la. Ele foi impedido por moradores da área.
Entenda o caso: a menina de nove anos foi sequestrada na tarde de terça-feira (25) no bairro Parque dos Presidentes, em Tramandaí, no litoral norte do RS.
Reclamando do calor em casa, a vítima informou à família que iria brincar em uma praça próxima. Foi nesse momento que o suspeito a atraiu oferecendo um picolé e a levou para uma loja de conveniências que pertencia a ele. No local, a menina foi feita refém, trancada em um porão e sofreu abuso sexual.
Na noite de terça-feira, ao perceber que a menina estava demorando para voltar para casa, a família acionou a polícia. As buscas começaram e o pai foi até o estabelecimento do suspeito, onde começou a desconfiar do proprietário da loja. Com a ajuda das imagens das câmeras de segurança, a Brigada Militar confirmou que a menina tinha ido até lá e não saiu mais.
Na manhã seguinte (26), os policiais foram até a loja e encontraram a criança trancada em um alçapão. Ela foi resgatada do cativeiro, levada para atendimento médico e liberada no mesmo dia.
Durante o resgate, os moradores da comunidade reagiram com violência, invadindo e depredando a loja, agredindo o suspeito e destruindo seu carro. O homem recebeu atendimento do Samu, mas não sobreviveu aos ferimentos. A polícia tentou controlar a multidão, mas um policial ficou ferido na confusão.
O homem linchado possuía antecedentes criminais relacionados a feminicídio, tráfico de drogas, furto de veículo, crueldade contra animais e lesão corporal.