Vamos falar sobre um caso trágico que está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro: a morte de um bebê de 11 meses, Arthur Victor dos Santos. Na última terça-feira (28), Arthur foi levado à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Maré com várias lesões pelo corpo.
Segundo a polícia, o pequeno sofreu uma parada cardiorrespiratória e um grave trauma cranioencefálico ao chegar na unidade.
Detenção dos responsáveis
O padrasto do bebê, Sidney da Silva Ferreira, e a mãe, Rayane Rocha dos Santos, foram presos em flagrante. Eles estão sendo acusados de homicídio qualificado contra menor de 14 anos, com agravante por serem os cuidadores da vítima.
O crime pode resultar em pena superior a 30 anos. Além disso, Rayane também é acusada de omissão de socorro.
Declarações e suspeitas
Ao levar Arthur para atendimento na unidade de saúde, Sidney, que tem 20 anos, disse que o bebê havia caído da cama e batido a cabeça. Apesar dos esforços da equipe médica, Arthur não resistiu aos ferimentos.
Seu corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) no Centro do Rio para perícia. Lá, um perito notou sinais de violência no corpo do bebê e acionou a 21ª DP (Bonsucesso).
A partir desse momento, a delegacia passou a investigar o caso como uma morte suspeita.
Versões conflitantes e evidências
Na delegacia, Sidney apresentou uma versão diferente dos fatos. Ele afirmou que havia caído sobre o bebê enquanto descia uma escada, o que também resultou na quebra da tela do seu celular.
No entanto, as autoridades destacaram que Sidney não tinha lesões corporais visíveis e que o celular apreendido não estava danificado.
Para a polícia, a criança estava sendo agredida pelo padrasto. Além de Arthur, Rayane tem outra filha de 2 anos, que também teria sido vítima de agressões pelo padrasto, e está grávida dele.
“Inicialmente, o que chegou na delegacia seria uma remoção desse corpo para o IML, que tinha sinais de violência. Começamos a investigar, e óbvio que a gente não acreditou nessa história, de que a criança havia caído da cama. Até porque a cama tinha 50 centímetros de altura e não causaria os tipos de lesões que ele tinha pelo corpo“, explicou a delegada Fernanda Caterine Eiras Dias Pina ao portal g1.
No final da história, o padrasto disse que ele estava descendo a escada com a criança no colo e caiu, inclusive por cima da criança, se machucando, e morre o bebê. Só que o padrasto não tinha nenhum arranhão. O celular que ele falou que quebrou também não tinha tela avariada.
De acordo com a delegada, o laudo do IML revelou que a criança havia sido espancada. A mãe do menino relatou que era vítima de violência doméstica do companheiro e suspeitava que seus filhos também fossem agredidos por ele. Por conta disso, a mulher será responsabilizada por omissão.
Inclusive, na declaração, ela [a mãe] disse que iria instalar uma câmera [para filmar possíveis agressões]. Ela foi omissa com esse indivíduo. Então, ela vai responder também pelo ato em razão da omissão dela. Ela podia e devia agir para evitar esse resultado acrescentou a delegada.
Em comunicado, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que Arthur foi admitido na unidade nesta terça-feira (28), em parada cardiorrespiratória, com sinais de trauma cranioencefálico. “Apesar de todos os esforços da equipe multidisciplinar, não houve êxito na reanimação“.
“Respeitem a dor de uma mãe”, diz mulher
A mãe do bebê fez um apelo em uma rede social para pedir respeito. Ela afirmou não acreditar que alguém tenha causado mal ao filho e que a perícia irá esclarecer o ocorrido. A mulher também esclareceu que não estava em casa no momento da morte do filho.
Peço que respeitem a dor de uma mãe que perdeu um filho recentemente. Parem de contar histórias que não existem. Só a perícia vai afirmar o que houve com meu filho e quem me conhece e estava comigo sabe o que realmente aconteceu e que eu não estava presente escreveu.
“Eu ainda estou desacreditada que alguém possa ter feito uma crueldade tão grande com uma criança, mas a verdade vai chegar, e eu estou ansiosa por esse momento. Quem me conhece sabe o quanto eu amava meu filho e nunca seria capaz de matar ninguém, muito menos quem eu gerei“.
Se você presenciar um episódio de violência contra crianças ou adolescentes, denuncie o quanto antes através do número 100, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
O mesmo número também atende denúncias sobre pessoas idosas, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, comunidade LGBT e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.
Também é possível denunciar casos de maus-tratos e negligência a crianças e adolescentes nos Conselhos Tutelares, Polícias Civil e Militar e ao Ministério Público, bem como através dos números Disque 181, estadual; e Disque 156, municipal.