Madalena Silva, mulher negra resgatada de trabalho análogo à escravidão, disse à repórter da afiliada da Globo na Bahia, Adriana Oliveira, que temia segurar em sua mão por ela ser uma mulher branca.
O momento foi mostrado durante o Bahia Meio Dia e causou comoção nos telespectadores que assistiam a reportagem sobre trabalho escravo na Bahia.
“Fico com receio de pegar na sua mão branca”, desabafou Madalena. “Mas por quê? Tem medo de quê?”, indagou a repórter, estendendo as mãos. “Por que ver a sua mão branca… eu pego e boto a minha em cima da sua e acho feio isso”, explicou ela. “Sua mão é linda, sua cor é linda. Olhe para mim, aqui não tem diferença. O tom é diferente, mas você é mulher, eu sou mulher. Os mesmos direitos e o mesmo respeito que todo mundo tem comigo, tem que ter com você”, destacou a jornalista.
Confira:
Madalena Silva foi resgatada em março de 2021 depois de passar 54 dos 62 anos de vida sendo escravizada por uma família. Ela está morando atualmente na cidade de Lauro de Freitas.
A doméstica não recebia salário, era maltratada e sofria com roubos da filha dos “ex-patrões”, que chegou a realizar empréstimos em seu nome e se apossar de R$ 20 mil sua aposentadoria.
O momento comoveu telespectadores e foi muito comentado nas redes sociais. “Essa matéria da afiliada da Globo na Bahia é mais um soco no estômago. Aliás, todo dia a gente leva uma surra, né”, lamentou um internauta.
Nas redes sociais, Adriana Oliveira contou que o momento foi um dos mais emocionantes de sua carreira como jornalista.
“Ainda tô impactada com o encontro com Dona Madalena. Ela foi vítima de uma violência brutal por 54 dos 62 anos de vida. E dentro de uma casa “de família” foi submetida à condições análoga à escravidão. Ela foi resgatada, em março,por auditores do Ministério do Trabalho. Hoje vivi um dos momentos mais emocionantes nos 27 anos de profissão. Ainda tem muita luta”, escreveu.
Se você presenciar um episódio de violência contra crianças ou adolescentes, denuncie o quanto antes através do número 100, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
O mesmo número também atende denúncias sobre pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, população LGBT e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.