Jovem abandona empregos para viver de apostas, acumula dívidas e comete suicídio; família processa empresa por R$ 3,8 milhões

Vinícius Ferreira, de 28 anos, abandonou dois empregos para se dedicar integralmente às apostas online, encarando-as como um investimento profissional.

Inicialmente, seus ganhos eram altos, mas em apenas um ano, a compulsão pelos jogos o levou a perdas financeiras devastadoras e a uma depressão profunda.

Em dezembro de 2022, Vinícius tirou a própria vida no quintal da casa de sua mãe, que foi quem encontrou seu corpo.

O início da compulsão

O interesse de Vinícius por apostas começou ao ver influenciadores digitais ostentando ganhos expressivos nas redes sociais.

Animado com as possibilidades, ele começou a apostar e chegou a faturar R$ 35 mil por mês, segundo sua esposa, Tainá Nalvas Marinho, de 29 anos. O casal, que morava em Marília (SP), tinha três filhos.

Contudo, o que começou como uma fonte de renda promissora logo se transformou em um problema grave.

Com as perdas acumuladas, Vinícius passou a pegar dinheiro emprestado para continuar apostando. Em pouco tempo, sua dívida alcançou R$ 90 mil, forçando a família a vender a casa para tentar quitar os débitos.

 O declínio e o fim trágico

Na tentativa de controlar o vício, Vinícius e Tainá estabeleceram regras: se ele perdesse, não jogaria mais naquele dia e sempre mostraria seu histórico de apostas. No entanto, ela admite que ele pode ter ocultado informações.

Vinícius chegou a procurar ajuda psicológica, mas desistiu do tratamento ao ser orientado a tomar medicação. Ele prometeu que controlaria a situação por conta própria, e por um tempo pareceu estar conseguindo. Porém, no dia de sua morte, ficou claro para a família que a compulsão ainda o dominava.

Na véspera do suicídio, após perder uma grande quantia, Vinícius havia decidido se afastar dos jogos. No entanto, ao participar de um churrasco entre amigos, viu um conhecido apostar R$ 100 e ganhar R$ 3.000 em poucos minutos. Segundo Tainá, esse momento pode ter sido o “gatilho” para a recaída.

Na manhã seguinte, isolado no banheiro do trabalho, Vinícius fez 13 apostas seguidas de R$ 1.000 cada. Ele usou R$ 10 mil emprestados de um amigo e mais R$ 3.000 de suas próprias economias – e perdeu tudo. Horas depois, almoçou com a mãe e, logo em seguida, cometeu suicídio.

A notícia de sua morte chegou à esposa por meio de uma ligação do credor de Vinícius, perguntando: “Quem vai pagar?”

O impacto das apostas e a ação judicial

Estudos indicam que uma em cada três pessoas com problemas de jogo possui pensamentos suicidas. Entre aqueles sem compulsão, essa proporção é de uma em oito. Além disso, 13,2% dos jogadores patológicos já tentaram suicídio – um índice muito superior aos 2,81% da população em geral.

Diante da tragédia, a família de Vinícius processou a Bet365, pedindo R$ 3,8 milhões por danos morais e materiais. O advogado Luiz Carlos da Silva explica o valor da indenização:

“Não há uma tabela para o luto, mas essa quantia reflete a responsabilidade de uma empresa bilionária que causou o dano máximo: a morte. Esperamos que outras famílias saibam que podem buscar justiça.”

O pai de Vinícius, Siberlei Ferreira, missionário, critica a facilidade de acesso às apostas e a falta de regulamentação eficaz.

“O governo não se preocupa com quantas famílias serão destruídas, apenas com o quanto vai lucrar com isso.”

E finaliza com um alerta:

Quantos Vinícius ainda serão perdidos antes que algo seja feito?”

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