O pedreiro cobra o pai judicialmente pelos sofrimentos causados a ele e sua família.
É comum, infelizmente, ver que pessoas criadas apenas pela mãe enfrentam dificuldades inclusive na vida adulta pela falta que um pai faz no desenvolvimento do filho. Ser mãe solo não é uma jornada fácil, e a sociedade ainda demonstra preconceito por não ser a estrutura de família considerada “normal”, com pai, mãe e filhos.
Vindo de uma família pobre e desestruturada de Córdoba (Argentina), por não ter uma figura paterna, Marcelo Omar Urbano, um pedreiro de 58 anos, sofreu muito desde cedo. Impedido de terminar seus estudos, desde muito jovem, teve de trabalhar incansavelmente para sobreviver e muitas das vezes precisou catador de papelão nas ruas de sua cidade. Apesar de tudo, afirmou ao El Heraldo de México que aprecia a família que formou e garantiu que nenhum dinheiro seria suficiente para comprar uma família tão bonita quanto a dele.
A mãe de Marcelo, Marta Nieves Urbano, já falecida, contou ao filho quem era o seu pai. A história contada por sua mãe era que ela trabalhava como empregada doméstica na fazenda da família Lapania, na cidade de La Falda. Em uma noite, após a festa de Natal, Marta, que tinha apenas 20 anos, foi para o seu quarto e surpreendeu-se com um dos filhos do dono da casa invadindo o cômodo e a sujeitando sexualmente, contra sua vontade. Logo depois, descobriu a gravidez e, quando se tornou perceptível, foi obrigada a contar o fato para os patrões.
Na sentença, Urbano diz que os patrões não acreditaram nas declarações de Marta, agrediram-na psicologicamente e logo depois a demitiram. Além disso, insistiam com ela que deveria abortar.
Marcelo Urbano, contando com a mãe solo e a avó materna, foi criado com pouco apoio emocional e econômico, o que o fez sofrer muito.
Casou-se com María e tiveram cinco filhos: Ayelén, Jonathan, Marcela, Rodrigo e Florencia. Com perguntas constantes sobre o avô das crianças, quando tinha 21 anos, Urbano resolveu conhecer seu pai Eduardo Lapania, empresário que se destacou no ramo de petróleo e gás. Contou sua história a Eduardo, mas este negou veementemente o relacionamento com Marta naquela noite. Então o pedreiro decidiu colocar essa história à prova: fez um teste de DNA, que deu positivo.
O caso foi noticiado na justiça de Córdoba, na Argentina, onde o pedreiro nasceu e sempre viveu. O processo judicial iniciou-se com a prova legal de que ele é filho biológico do então empresário. Segundo o juiz do caso, ele deveria chamar-se “Marcelo Omar Urbano Lapania”, e isso gerou confusão entre os meio-irmãos, que não gostaram da ideia, pois Urbano não sabia ler nem escrever.
O objetivo do processo contra seu pai é melhorar as condições de vida sua e da família, que inclui os filhos e os netos, já que a indenização pleiteada é de aproximadamente R$ 4 milhões. Ou seja, o homem poderá ser herdeiro de 33% da fortuna do pai. Hoje, aos 57 anos, Marcelo Urbano gostaria de mais conforto, pois sua vida sempre foi dura e sofrida, já que não contava com ajuda do pai.
Para ele, que nunca pôde focar nos estudos e ter uma vida semelhante à dos meio-irmãos, é obrigação do pai indenizá-lo pelos danos morais e a falta de oportunidades que o abandono paterno lhe proporcionou.