Em setembro de 2023, um ato violento abalou a vida de Michaella Zukowski Reis, uma jovem advogada de 26 anos. Enquanto estava no banco do passageiro de um carro em Vila Velha, ES, ela foi atingida no rosto por um paralelepípedo lançado contra o veículo. O impacto causou uma fratura exposta no crânio, mas, por sorte, não houve lesões cerebrais.

No entanto, mais de um ano após o crime, Michaella revelou que perdeu a visão do olho esquerdo devido a um atraso no tratamento para reduzir o inchaço na área afetada.

Negligência médica?

Em uma entrevista ao portal UOL, Michaella relatou que tentou obter uma injeção ocular essencial para seu tratamento, mas teve seu acesso negado três vezes pela Unimed.

O custo da medicação variava entre R$ 6 mil e R$ 8 mil, e não estava claro quantas doses seriam necessárias. Apesar de buscar justiça, ela ainda não obteve resposta à sua solicitação judicial.

“No momento, não existe mais tratamento. Perdi a visão por culpa da Unimed. O tratamento poderia ter revertido minha situação”, desabafou Michaella.

Resposta da Unimed

O portal UOL também procurou a Unimed de Vitória para comentar o caso. A cooperativa explicou que o procedimento não foi autorizado porque “a indicação feita para o uso da medicação pela paciente não se enquadra na DUT – Diretriz de Utilização, que trata dos critérios estabelecidos pela ANS (Agência Nacional de Saúde)”.

A empresa esclareceu que

“a medicação em questão é indicada, por exemplo, em casos de degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e complicações de retinopatia diabética“. A Unimed Vitória lamenta profundamente todo o ocorrido com a Michaella Zukoski Reis, vítima de uma fatalidade que destaca problemas de segurança presentes em todo o país.

A cooperativa reforça seu compromisso em oferecer cuidado de excelência, em conformidade com todas as normas das agências reguladoras, para garantir um atendimento justo e de qualidade a seus clientes.

Cinco cirurgias no rosto

Desde o crime, Michaella passou por cinco intervenções cirúrgicas. Em dezembro de 2023, ela teve uma consulta com um oftalmologista para verificar seu olho esquerdo.

“Fui diagnosticada com edema [inchaço] ocular localizado na parte central do olho. Na região inferior e lateral do olho, perdi a visão, via tudo preto. Não conseguia enxergar direito.” De acordo com Michaella, esse problema ocasionou o crescimento de uma membrana na área, assemelhando-se a uma cicatriz.

Ela mencionou que injeções poderiam ser uma opção para diminuir o inchaço.

“Entre fevereiro e março deste ano, entrei na Justiça com urgência para conseguir a medicação, mas o pedido não foi avaliado até hoje”, afirmou Michaella Zukowski Reis.

Direitos autorais: Reprodução/ Arquivo pessoal

A advogada revela que, sem ajuda, seria impossível suportar os custos das injeções necessárias. Ela teve que deixar seu trabalho na empresa familiar, assim como sua mãe.

“Eu precisava de cuidados por 24h, não conseguia levantar da cama sozinha, nem comer porque tinha dificuldade para mastigar”, relata.

O impacto da pedra causou danos a parte do rosto de Michaella, que necessitou de reconstrução com titânio.

“Tenho um corpo estranho dentro de mim, não sei até quando ‘vai ficar bem’. Tem muita gente que tem rejeição depois de um tempo. Nunca sei de o dia de amanhã”, explica.

Busca por tratamento nos EUA

Incapaz de arcar com as despesas do tratamento e em busca de mais opiniões especializadas, ela viajou para os Estados Unidos, onde possui familiares, para consultas médicas na Mayo Clinic em Rochester, Minnesota, reconhecido como um dos melhores hospitais do mundo.

Durante esse tempo, em julho deste ano, ela levantou R$ 200 mil em apenas duas semanas. Realizou uma série de exames ao longo de quatro meses.

“Infelizmente, recebi a notícia de que o edema estagnou, criou pele, como se fosse uma membrana. Isso impede o uso das injeções agora. Hoje, estou realmente monocular”, lamenta Michaella Zukowski Reis.

Relembre o caso

Direitos autorais: Reprodução/ Arquivo pessoal

Michaella estava viajando de carro de Guarapari (ES), onde reside, até a capital do estado pela Rodosol, acompanhada por seu pai e irmão.

Eles estavam a caminho do aeroporto de Vitória para pegar um voo para Minas Gerais, onde participariam do velório do avô de Michaella. O crime ocorreu próximo à Ponta da Fruta, em Vila Velha.

“Meu pai estava dirigindo, meu irmão no banco de trás e eu no passageiro. Estava mexendo no celular e meu pai disse que viu um homem saindo do meio do mato. Eu não o vi”, relatou a advogada ao portal UOL, no ano passado.

Um homem tentou atingir o pai de Michaella, que manobrou para evitar o ataque.

“Nisso, a pedra veio para cima de mim e me atingiu”, afirmou.

“Eu não desmaiei, eu senti tudo. Lembro que perdi todos os sinais: visão, audição, respiração. A sensação era como se eu estivesse me afogando. Foi muito estranho”. Michaella mencionou que o homem foi preso alguns dias após o caso.

O que você achou do texto?

Muito legal
0
Gostei
2
Amei
1
Não sei
0
Bobagem
0

Responder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *