Garota de Fortaleza aprovada em medicina é a primeira de sua família a ingressar no ensino superior.

Uma garota de Fortaleza é a prova viva de que é preciso ter garra para conquistar os sonhos e não temer ante as dificuldades. Laianne Plácido Lima, de 25 anos, conseguiu ser aprovada na Universidade Federal do Ceará em medicina, onde sua mãe trabalha há 11 anos como auxiliar de serviços gerais.

Ela estudou durante toda sua vida na rede pública de ensino e segundo a jovem, ela nunca teve, em seu entorno, um exemplo de alguém que tivesse se formado em Medicina. Em entrevista ao G1, ela disse que não conseguia entender o significado de sua vitória para sua família, em especial, para sua mãe.

Aprovada em 2021, Laianne não tinha condições para se mudar para a Bahia, onde primeiramente conseguiu aprovar para realizar a formação acadêmica em medicina. Mas isso não abateu a garota, que continuou estudando e conseguiu sua aprovação em uma das universidades mais concorridas do Brasil.

Sem ter condições financeiras de bancar os estudos da filha, a mãe de Laianne, Maria Célia, revelou que a menina passava os dias estudando através do celular e de livros e apostilas que foram doadas.

Direitos autorais: Arquivo pessoal

“Não tinha livros, apostilas, computador ou mesa para estudar. Não tinha tutor, professor, alguém que dissesse que ia dar certo. Não tinha referências”, disse a jovem de 25 anos.
Ela também comentou que por várias vezes foi desacreditada por familiares, vizinhos e até colegas da escola onde estudava, por medicina ser um curso exigente e um dos mais concorridos no país.

Apesar de tudo, ela resolveu ignorar os comentários e continuou se dedicando aos estudos, enquanto sua mãe trabalhava na universidade onde ela terá as aulas.

Com sua garra, a jovem conseguiu uma bolsa de estudos no Curso Pré-Vestibular XII de Maio, projeto de extensão da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Os resultados vieram após longos 7 anos estudando a finco.

Quando ela viu seu nome na lista dos aprovados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ela revelou que não acreditou e ficou pasma quando leu o tão aguardado “Parabéns! Você foi selecionada na chamada regular”.

Com a aprovação da garota, a mãe ficou emocionada. “Ela só acreditou quando chegou do trabalho. Aí ela começou a chorar”, revela.

Direitos autorais: Arquivo pessoal

Maria Célia, de 56 anos, contou à reportagem do G1, que não conseguiu concluir os estudos, mas que queria que sua filha tivesse um destino diferente. Ela trabalha há 11 anos em um dos campis da Universidade Federal do Ceará.

Laianne revelou que se não fosse o apoio de sua mãe, ela nunca teria conseguido alcançar seu maior objetivo. “É muito difícil um filho de pobre alcançar o que ela alcançou. Foi muita luta. Ano passado, ela passou na Universidade da Bahia, mas não tive condição de manter ela lá, e ela ficou aqui e continuou estudando”, revelou a mãe de Laianne.

A jovem também revelou que sem a ajuda da Lei de Cotas, ela não teria conseguido estudar Medicina, já que sua seleção foi dentro do critério previsto pelo governo federal que estabelece a reserva de 50% das matriculas por curso para alunos que estudaram em escolas públicas.

A jovem confessa que um de seus sonhos é ser oncologista, por causa de seu pai, que faleceu em decorrência a um câncer nos anos 2000. “Espero aprender muito, absorver conhecimento, para futuramente, ajudar as pessoas, acolher meus futuros pacientes. Quero crescer como pessoa”, comentou a jovem.

Direitos autorais: Arquivo pessoal

As aulas estavam previstas para começar no dia 13 de março deste ano, que é quando o ano letivo da Universidade Federal do Ceará começa. Laianne deverá sair da casa que divide com sua família, rumo ao Campus do Porangabuçu, onde fica a Faculdade de Medicina.

O que você achou do texto?

Muito legal
1
Gostei
0
Amei
0
Não sei
0
Bobagem
0
Jimena Bautista
Redatora dos sites O Segredo e O Amor. Escreve sobre reflexão, inspiração e boas notícias, incentivando a todos a se tornaram uma melhor versão de si mesmos.

    Os comentários estão fechados.