Davi viu seus amigos abandonando os estudos e ingressando no mundo das drogas, mas ele não desistiu e perseguiu seu sonho.
A desigualdade social marca os corpos de crianças e adolescentes brasileiros, que precisam se esforçar três, quatro, cinco vezes mais do que outros com a mesma idade, com melhores condições financeiras. É uma injustiça que retira dos jovens o direito de sonhar, porque os obriga a trabalhar cada vez mais cedo, humilhar-se em busca de um prato de comida, abandonar a escola para ajudar a família.
Com as crises sanitária e econômica, mais da metade da população brasileira afirma ter passado por insegurança alimentar no fim de 2020. Cerca de 19 milhões de pessoas no nosso país passam fome, segundo estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
Se os números já assustam, saiba que a equipe que fez a pesquisa acredita que não reflete a realidade, já que a porcentagem de brasileiros e brasileiras deve ser muito maior em 2021. Isso porque o auxílio emergencial foi cortado, depois teve o valor reduzido drasticamente e muitas famílias deixaram de recebê-lo. Essa vulnerabilidade social agora atinge muito mais pessoas.
Em Pernambuco, a história de um jovem que, felizmente, conseguiu se destacar mesmo em meio às dificuldades vem sendo muito compartilhada nos últimos dias.
Davi Eduardo Ferreira de Brito, de 20 anos, foi aprovado em Geografia, na Universidade Federal local (UFPE), algo que pode ser considerado normal para os jovens da mesma idade.
Mas a verdade é que Davi teve que se desdobrar de forma desgastante para conseguir passar na faculdade. O jovem não tinha internet em casa e precisou estudar com livros encontrados no lixo. Para assistir às aulas on-line, em tempo de pandemia, ele precisava ir à casa da avó, onde havia sinal de internet, lá ele baixava as aulas e depois as assistia em casa.
Davi revela que muitos colegas enxergavam a escola apenas como forma de fugir da própria realidade. Sem esperança de mudar de vida através dos estudos, eles iam à escola apenas por causa da refeição servida e para ver o tempo passar. O jovem também pensou em desistir algumas vezes, principalmente depois que começou a trabalhar para ajudar com as despesas da casa, mas continuou firme, e espera que a formação garanta um futuro melhor para sua família.
Entre 2017 e o meio de 2020, Davi ajudou sua mãe a separar material reciclável num espaço dentro da própria casa, em Recife. Precisando cuidar dos irmãos mais novos, ele não pode trabalhar fora; seu padrasto é motoboy, o que faz com que nem sempre a renda da família seja suficiente. Foi nessa época que o jovem encontrou muitos livros descartados, e se sentiu muito triste com a situação.
Para ele, livro nenhum deveria ser jogado fora, mesmo os desatualizados. Com esses livros e o cursinho Carolina de Jesus, Davi começou a se preparar para o vestibular, e deu certo!
Ele sabe que uma das maiores dificuldades que terá será conciliar faculdade e trabalho, além de acompanhar as atividades remotas, já que não tem computador ou internet.
Cláudia Feijó de Brito, mãe do menino, explica que a satisfação que tem de ver o filho realizar um sonho é enorme. Além de muita emoção, ela fica extremamente feliz de ver que ele não desistiu, mesmo que, em alguns momentos, a situação estivesse crítica demais. A mãe revela que, em alguns dia, ele não tinha dinheiro nenhum para se alimentar no cursinho, mas mesmo assim seguiu batalhando.
Esperamos que a realidade da família mude, que Davi realize seu sonho e mais jovens, assim como ele, consigam também sair do círculo da pobreza!
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